São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 1995
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BB registra seu maior prejuízo semestral

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil anunciará hoje o maior prejuízo semestral de sua história, na casa de R$ 2 bilhões. O déficit fará o banco iniciar um programa de capitalização com aporte de recursos do Tesouro, lançamento de ações no mercado e atuação mais agressiva no setor de seguros.
Além disso, foram formados Comitês de Recuperação de Créditos para cobrar ou renegociar as dívidas em atraso junto ao banco -a principal razão do prejuízo.
Também contribuem para o déficit a desvalorização do dólar -que fez cair o valor dos ativos do banco no exterior- e o fim da receita obtida com a inflação -dois efeitos do Plano Real.
Segundo assessores do presidente do BB, Paulo César Ximenes, o programa de capitalização deverá gerar resultados capazes de evitar um prejuízo anual em 1995 -prejuízo que seria inédito nos 187 anos do banco.
No ano passado, o BB registrou lucro de R$ 108,3 milhões, apesar do prejuízo de R$ 85,4 milhões no segundo semestre.
Para reverter os resultados do primeiro semestre, a principal medida será um aporte de cerca de R$ 1,7 bilhão do Tesouro Nacional. É um pouco acima do valor do prejuízo acumulado até maio deste ano (R$ 1,6 bilhão), já divulgado.
Segundo o banco, esse aporte corresponde a parte das dívidas do Tesouro junto à instituição -há uma negociação interna no governo para que o Tesouro reconheça outras dívidas, no valor de R$ 2 bilhões.
O lançamento de ações no mercado só deverá acontecer no próximo ano, porque é necessária previsão de recursos no Orçamento. Como o governo federal detém 29,2% das ações do BB, precisa entrar com dinheiro na operação.
Na avaliação da área técnica do banco, haverá grande interesse do mercado pela aquisição das ações.
Como os papéis estão baratos hoje devido à crise do BB, há perspectiva de grande valorização a partir do programa de capitalização, calculam os técnicos.
Para exemplificar, os técnicos apontam que as ações do BB se valorizaram em cerca de 30% somente neste mês, apesar de seguidos prejuízos mensais.
Por fim, o BB avalia que poderá ampliar os lucros da sua corretora de seguros, uma das líderes do setor, aproveitamento sua rede de mais de 4.000 agências no país.
O ponto mais delicado na recuperação financeira, avalia-se no BB, é a recuperação dos créditos em atraso, que hoje somam cerca de R$ 6,3 bilhões -a maior parte do setor agrícola (R$ 4,5 bilhões).
A bancada de parlamentares ligados ao setor rural, com cerca de 140 votos, tem pressionado o governo a evitar execuções de dívidas de agricultores.
O BB considera que a maior parte da redução de despesas administrativas já foi encaminhada no primeiro semestre do ano, com o fechamento de 94 agências e a conclusão do programa de demissões voluntárias, no qual se inscreveram 13 mil funcionários.

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