São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 1995 |
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Indústria têxtil em crise prepara duas manifestações em Brasília
CLÓVIS ROSSI
A primeira, no dia 3, é comandada pela Abravest (Associação Brasileira do Vestuário) e tomará a forma de audiência com os ministros Pedro Malan (Fazenda) e Dorothea Werneck (Indústria e Comércio). Aos dois, a Abravest apresentará o seu projeto para a introdução de ``direitos específicos" sobre a importação de tecidos e roupas. ``Direitos específicos" é uma das formas de salvaguardas contempladas nas mais recentes normas para o comércio internacional. Nesse caso, funciona assim: hoje, o importador de, por exemplo, uma gravata feita na China paga o II (Imposto de Importação) sobre o preço por ele declarado. A proposta da Abravest prevê que o II será pago sobre um preço de referência a ser composto pela divisão por dois da soma do preço da gravata chinesa e de uma similar brasileira. Como a diferença entre um preço e outro é simplesmente espantosa, o valor do imposto será muitíssimo maior, o que tende a inibir o que o setor têxtil chama de ``importações predatórias", vindas sobretudo da China. A proposta da Abravest inclui ainda a aplicação mais rigorosa de normas técnicas relativas a tecidos e confecções, tanto em matéria de informações nas etiquetas como em padronização de tamanhos. Com isso, acredita a Abravest, será inibida a importação de saldos trazidos como roupa nova. A segunda manifestação será no dia 9, comandada pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil. Pretende-se reunir em Brasília não apenas os empresários do setor mas também cerca de 700 representantes dos trabalhadores do ramo e uma frente suprapartidária de parlamentares. As reivindicações desta segunda manifestação são diferentes. Incluem um aumento da alíquota do II para os 13 produtos mais importados do período 94/95. Pedem também que se reduza a 30 dias o prazo de pagamento para a importação de 120 outros produtos. ``Com esse prazo, não há financiamento e, sem ele, o pessoal vai pensar muito antes de importar", diz Luiz Américo Medeiros, do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem de São Paulo. A Abravest acusa o encontro do dia 9 de ser uma manifestação política e não técnica. Medeiros devolve dizendo que a Abravest não participa porque a maioria de seus associados não são fabricantes e, sim, confecções e lojas. ``Preferem o tecido importado barato." Mas as duas frentes do setor têxtil concordam que a crise é grave. Tão grave que, em sua só dia (ontem), Luiz Américo Medeiros contabilizou a demissão de 2.500 trabalhadores do setor. Texto Anterior: Presidente diz que não teme impopularidade Próximo Texto: Cena do comercial da fábrica de tratores New Holland Índice |
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