São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 1995
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Calotes explicam prejuízo de R$ 2,4 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes, anunciou ontem que a instituição teve prejuízo semestral de R$ 2,441 bilhões e atribuiu o resultado à ``coragem" de elaborar, pela primeira vez, um balanço rigoroso do banco.
Na divulgação do maior prejuízo da história do BB, Ximenes e sua equipe argumentaram que os balanços anteriores do banco foram mais tolerantes com a contabilidade de empréstimos de recebimento duvidoso -que devem ser computados como prejuízo.
Ximenes disse, citando o secretário Murilo Portugal (Tesouro Nacional), que ``esse pode ter sido, em termos contábeis, o pior resultado do banco, mas espelha também o resultado da melhor administração que já teve o banco, que teve a coragem de espelhar a realidade".
Este argumento foi sustentado com números. Nos primeiros seis meses deste ano, o BB separou R$ 1,631 bilhão para cobrir perdas de créditos duvidosos. No semestre anterior, a provisão foi de R$ 424 milhões.
Segundo o diretor de Finanças, Carlos Gilberto Caetano, as administrações anteriores do BB optavam por ``rolar" (renovar) as dívidas dos inadimplentes, o que permitia contabilizá-las como créditos normais.
Caetano disse que se as administrações anteriores do BB fossem tão rigorosas nos balanços como a atual, teriam ``provavelmente" mostrado resultados semelhantes.
No ano passado, o BB teve lucro de R$ 108 milhões, apesar de ter registrado prejuízo de R$ 85 milhões no segundo semestre.
A principal causa do megaprejuízo do BB foi a inadimplência dos devedores, que atingiu 13,9% do total de empréstimos do banco. Caetano disse considerar que um patamar ``razoável" seria de 4%.
Junto com o balanço do primeiro semestre, o BB anunciou um programa de capitalização, com aporte de R$ 2,1 bilhões do Tesouro Nacional e lançamento de R$ 1,5 bilhão em ações no mercado para o próximo ano.
Segundo o BB, o pagamento do Tesouro se deve a dívidas passadas, decorrentes do uso que se fazia do banco em governos anteriores, como a concessão de avais a dívidas não honradas por empresas estatais.
Mesmo com os prejuízos, o BB espera boa receptividade do mercado para as ações a serem lançadas em 1996.

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