São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 1995
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Renault vai instalar fábrica no país

ARTHUR PEREIRA FILHO; VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

VINICIUS TORRES FREIRE
A montadora francesa Renault anunciou ontem que vai investir US$ 1 bilhão na instalação de uma fábrica no Brasil.
Quatro Estados -Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Espírito Santo- já entraram na disputa pelo investimento.
O governador do Espírito Santo, Vitor Buaiz (PT), teve encontro anteontem com dirigentes da montadora, em Paris.
A empresa vai produzir no país, a partir de 1999, 100 mil unidades por ano do Mégané, carro que, na França, substituirá o modelo Renault 19 no ano que vem.
A produção prevista pela Renault é metade do volume fabricado pela Ford no país em 94 (207 mil unidades).
A decisão foi anunciada em comunicado divulgado simultaneamente no Brasil e na França. Segundo a nota, a Renault pretende ocupar entre 5% e 10% do mercado de automóveis do Brasil entre 2000 e 2005. A fábrica será a maior operação da Renault fora da França.
O local de instalação da fábrica ainda não foi definido, diz Carlos Alberto Oliveira Andrade, presidente do grupo Caoa, importador oficial da marca. Mas deve ficar no Sul ou Sudeste do país.
``Tudo vai depender dos estudos técnicos que serão realizados pela Renault a partir das próximas semanas", explica Andrade.
A montadora já nomeou o responsável por esses estudos. É Pierre Poupel, diretor-geral da Oyak-Renault, fábrica da Renault na Turquia. Ele vai coordenar o ``projeto Brasil" da montadora. As obras devem começar no primeiro semestre de 96.
Segundo Andrade, a Renault já recebeu propostas de três Estados interessados em atrair a fábrica: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
``Essa fábrica deverá criar cerca de 8.000 a 10 mil empregos diretos e outros 15 mil indiretos", explica Andrade.
Vitor Buaiz, que também se reuniu com a direção da Peugeot, disse à Folha que o diretor da Renault para a América Latina, J.F. Couronne, pretende viajar ao Brasil no mês que vem para conhecer propostas dos Estados interessados em acolher a montadora.
Buaiz ofereceu à Renault um terreno de um milhão de metros quadrados e redução de impostos.
A Renault estuda a implantação da fábrica desde maio de 94. No segundo semestre do ano passado chegou a analisar uma operação conjunta com a Mercedes-Benz. Mas o projeto não foi adiante.
Para Andrade, a decisão da Renault não foi diretamente afetada pelo aumento do Imposto de Importação e ou pela medida provisória que concede benefícios para as novas montadoras. ``A Renault viria de qualquer maneira".

Descartado
O Renault 19 é um carro médio, que compete com modelos como Escort, da Ford, Tipo, da Fiat, e Golf, da Volks. O modelo mais simples, importado da Argentina e da França, custa hoje R$ 19 mil. O Mégané entrará na mesma faixa.
Em uma segunda etapa, a Renault deve produzir um modelo pequeno no país, que pode ser o Clio. ``A Renault precisa de um carro popular para sustentar a rede", explica Andrade. A produção do Twingo, segundo ele, está descartada.
Atualmente a marca tem 35 concessionárias no país. Pretende chegar a 150 lojas em 98 e vender entre 50 mil a 60 mil carros.
No ano passado, a Renault vendeu 10.042 veículos. Somente no primeiro semestre deste ano atingiu 14.700 e deve chegar a 25 mil até o final de 95. Desde março de 94 é líder de vendas entre as marcas sem fábrica no país.
A montadora francesa pretende exportar parte da produção para o Mercosul e outros países da América Latina. Mas o principal objetivo é atender o mercado interno, que deve ficar com cerca de 70% da produção. Segundo a Renault, a produção das fábricas brasileira e argentina serão complementares.

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