São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995
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Adeus traz marca de Johnny

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

``Adios Amigos" é o melhor disco dos Ramones em dez anos, diz Johnny Ramone. É rápido, pesado, sujo, sim, punk. Johnny tem razão.
Um dos mitos do rock é que todos os discos do Ramones são iguais e bons por causa disso. Não, como prova a dificuldade de as músicas mais recentes permanecerem na lembrança dos fãs.
O novo álbum é moderno sem deixar de ser clássico. Significa: guitarras quase encobrindo a voz, bateria com som de garagem, a melodia assobiável que a banda sempre teve e o pique acelerado de moleques se divertindo.
O punk clássico é um formato bem aberto. A faixa mais ``podre" do disco, ``I Love You", parece Rolling Stones gravado em mono, em 64, com uma mixagem microfonada que ficaria bem no barulhento álbum ``Psychocandy", do Jesus & Mary Chain.
Por outro lado, ``The Crusher" e ``I Got a Lot to Say" chegam a ser hardcore com o sotaque da última geração da gravadora Epitaph (Offspring, Pennywise, Rancid). Muito melhor que Green Day.
Outra influência recente é Nirvana. Não tem como ouvir ``Scattergun" sem lembrar das guitarras e melodias de Kurt Cobain. E não só dele. ``God Save the Queen", dos Sex Pistols, assombra o arranjo sônico.
Joey, claro, ainda está lá, cantando ``oh-oh, yeah" pela 90ª vez. Mas o disco é de Johnny. Faça o teste em casa. Ponha a tocar sua coleção de Ramones. ``Adios Amigos" tem as guitarras mais altas.
Não se diz adeus desse jeito, Johnny.
(MP)

Disco: Adios Amigos
Banda: Ramones
Gravadora: EMI
Preço: R$ 20 (o CD, em média)

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