São Paulo, sábado, 29 de julho de 1995 |
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Peça traz teatro do absurdo para crianças
MÔNICA RODRIGUES COSTA
A montagem é divertida. Os atores sabem o que fazem, embora não saibam onde estão. O sonho toma conta da trama. O personagem principal é Jonas (Bruno Garcia), um rapaz metódico. Acorda todos os dias e faz tudo igual, escova os dentes, caminha até o trabalho, volta para casa. À noite, observa o céu da janela do quarto. Um dia, chegam outros quatro Jonas à casa de Jonas para questionar sua identidade, seus afetos. Os outros Jonas (Américo Córdula, Gustavo Machado, Magdale Alves e Valdir Ramos) precisam entregar algo ao Grampo. Jonas toma a tarefa para si e esquece os vizinhos, o cotidiano. Vários personagens malucos entram em cena para confundir Jonas. Mas ele já se encontra no País do Navegar, lugar cheio de duplos sentidos, trocadilhos, em que as coisas geralmente significam o contrário do que se pensa. A poesia do texto se concentra nas analogias, que justapõem uma cena a outra. Os diálogos criam os ambientes das cenas subsequentes. O tempo não passa no espetáculo. Sempre é quase meia-noite. E Jonas ainda conversa com uma abóbora engraçada (Lara Córdula), com uma espécie de mago, o Fly (Américo Córdula), e se apaixona por uma bruxa que na verdade é uma princesa (Luci Macedo). Faltava no teatro espetáculos como ``A Ver Estrelas". O texto brinca com a realidade cotidiana ao mesmo tempo que apresenta um mundo poético. Jonas se parece com muitos pais ou mães cuja realidade objetiva, especialmente o trabalho fora de casa, se sobrepõe ao tempo ocioso da reflexão ou observação. É importante que o teatro para crianças discuta idéias assim. Esses pais provavelmente privam os filhos de seu convívio. De algum modo, a criança espectadora elabora a comparação entre a vida de Jonas e a sua própria. Peça: A Ver Estrelas Direção: João Falcão Elenco: Américo Córdula, Bruno Garcia, Fátima Ribeiro, Gustavo Machado, Lara Córdula, Magdale Alves, Valdir Arcanjo, Vany Cristina e outros Onde: Teatro Hilton (av. Ipiranga, 165, tel. 259-6508, região central de São Paulo) Quando: Sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 10,00 Texto Anterior: Montagem de "Torquato Tasso" peca pelo excesso de formalismo Índice |
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