São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Ganho real na aplicação está em 14% ao ano

As taxas de juros no Brasil são mesmo exorbitantes, mas só se pode chegar a essa conclusão olhando a ponta dos empréstimos.
O investidor de classe média, pessoa física, está ganhando bem quando aplica suas sobras, mas para os padrões brasileiros o lucro não é tão grande quanto se diz.
Em termos reais (sobre a inflação), o ganho líquido médio num fundo de commodities, por exemplo, está em torno de 14% ao ano, nada absurdo se comparado ao limite constitucional de 12% e se for levado em conta que, por lei, a poupança deve render 6% ao ano.
De janeiro a julho, esses fundos renderam em média 28,17% brutos, o que dá 25,35% líquidos. A inflação medida pelo IPC da Fipe já acumula 16,30%.
O ganho da aplicação sobre a inflação fica em 7,78% nos sete meses, com média de 1,08% ao mês ou 13,71% ao ano.
O CDI, juro praticado no dia-a-dia entre os próprios bancos, acumula 31,27% em sete meses, o que dá 12,87% sobre o IPC da Fipe. Corresponde a 1,74% ao mês ou 23% ao ano.
Tudo muda de figura se olhadas as taxas cobradas nos empréstimos, engordadas por impostos, compulsórios, taxa de risco, lucro etc. Para capital de giro de empresas, a taxa média em sete meses alcança 59,48%. Ou seja, 6,90% ao mês e 122,59% ao ano (cheque especial vai a 386% ao ano).
Inútil comparar com a inflação porque esta está sendo puxada por aluguel, despesas pessoais etc.
A concorrência de importados e agora um certo desaquecimento impedem aumentos constantes de preços, que, no passado, eram a saída das empresas em geral para enfrentar custos financeiros.
Investidor estrangeiro lucra mais aplicando em renda fixa no Brasil porque ele vê a taxa de câmbio, e não a inflação interna. Em sete meses, o dólar comercial variou 10,64% (6,12% em março).

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