São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Carros da Indy ganham `vida' em Michigan

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL A BROOKLYN (EUA)

Desta vez, a vida imitou a arte. Como em alguns clássicos do cinema, os carros da Indy ganham ``vida própria" nas 500 Milhas de Michigan, em Brooklyn (EUA).
Na corrida de hoje, 13ª etapa do campeonato de 95, caberá aos pilotos apenas escolher o filme.
O fenômeno é simples. No oval de Michigan, o mais rápido da Indy, não há pilotagem.
``Aqui, o piloto é um passageiro dentro do carro. Quando você está guiando, algo está errado. Tem de deixar o carro te levar", afirmou Christian Fittipaldi.
``É uma pista em que você crava o pé no acelerador e vai embora", contou Gil de Ferran.
Os corredores praticamente não têm trabalho. Até as curvas o carro faz sozinho. Ali, onde há um ângulo de 18 graus em relação ao solo, os veículos andam como se estivessem em um trilho.
Se fosse possível, as equipes teriam um controle remoto para acionar os monopostos, como Batman faz com o ``Batmóvel".
``Parece um autorama", comparou Mauricio Gugelmin.
Dessa maneira, o único trabalho é acertar o carro para que ele se torne uma ``Supermáquina" (carro inteligente de um seriado de TV).
``Aqui, quem dita o limite é o carro. Em outros circuitos, o piloto pode tentar alguma coisa. Aqui, se chegar ao limite, não há mais o que fazer", falou André Ribeiro.
Num caso desses, resta ao carro manter-se na prova como um simpático figurante, como o Volkswagen de ``Se Meu Fusca Falasse".
No monocoque, o passageiro -ou o piloto- nem se mexe. Está preso dos pés à cabeça, para evitar que a alta velocidade, que pode chegar aos 400 km/h, o jogue de um lado para o outro.
``A sensação é a de que você está cutucando a sorte o tempo inteiro", disse Gugelmin.
O brasileiro tem razão. Na sexta-feira, uma falha mecânica -a quebra do triângulo da suspensão traseira- provocou um acidente que tirou da corrida de hoje o norte-americano Robby Gordon.
Quando bateu, o carro estava a mais de 350 km/h.
Gil de Ferran também teve a sensação angustiante do protagonista de ``Encurralado", filme de Steven Spielberg. ``Na sexta-feira, o rolamento quebrou e fiquei de lado na curva um, o que não é lá muito divertido", falou.
Só se diverte no circuito de Michigan quem estiver no melhor carro. Isso significa um veículo resistente -a prova tem 804 km de extensão- e capaz de andar por cerca de três horas em velocidade máxima.
Caso contrário, o piloto vai se sentir a bordo de ``Christine, o Carro Assassino".

NA TV
SBT ao vivo, às 15h30

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