São Paulo, domingo, 30 de julho de 1995
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Numerologia

SÍLVIO LANCELLOTTI

Vai cada vez melhor, ``mille grazie", o marketing do futebol italiano. Na Velha Bota, tudo se transforma em atração. Até mesmo a decisão de se conceder uma numeração definitiva, para todo o campeonato, aos jogadores dos 18 clubes da Série A, a primeira divisão. Aliás, camisas personalizadas com os nomes dos atletas.
Dirigentes, treinadores, jogadores e até mesmo torcedores estão participando, faz mais de um mês, da distribuição da numeração. As decisões variam desde a simples e autoritária imposição até o democrático sorteio. Em alguns casos, craques especiais têm o direito de escolha, contra uma doação a uma instituição de caridade.
Recém-promovida à Série A, a Atalanta de Bérgamo adotou o critério da ordem alfabética. Na Juventus de Turim, o mister Marcello Lippi resolveu privilegiar os jogadores mais antigos. Fiorentina de Florença e a Internazionale de Milão promoveram leilões.
Claudio Ranieri, o técnico da Fiorentina, comandou a hasta pública de sua equipe. Garantiu uma única exceção, a camisa nove, agraciada ao artilheiro argentino Gabi Batistuta. Outros dois atacantes, porém, Baiano e o português Rui Costa, brigaram para manter o oito e o dez. No total, o bingo da Fiorentina conseguiu arrecadar quase US$ 45 mil, enviados aos desabrigados da Bósnia.
Na Inter, o capitão Beppe Bergomi, como leiloeiro, arrebatou o seu dois por US$ 2.000, depois de brigar bastante com o reserva Festa. O volante Dell'Anno, habitualmente no banco, consumiu US$ 3.400 mil para conquistar a camisa cinco, em homenagem ao seu ídolo, o brasileiro Falcão. E Dell'Anno não tem nenhuma garantia de ser titular. Sobrou ao ex-palmeirense Roberto Carlos o seis.
Questão de superstição, a Roma deu a sua cinco a Aldair, também recordando Falcão e o seu último título peninsular em 83. Ainda sem saber se André Cruz irá voltar à terra da pizza, o Napoli já lhe assegurou o seis. No Cagliari, o maranhense Oliveira, naturalizado belga, abocanhou a camisa dez.
Fabio Capello, o mister do Milan, encarregou o capitão Franco Baresi de liderar uma reunião secreta com os companheiros, que decidiram a numeração do elenco depois de seis horas de discussão.
O montenegrino Savicevic ficou com a camisa dez, que se imaginava a propriedade do recém-contratado Roberto Baggio. O astro se contentou com o 18, dia do seu aniversário. Ironia: na cabala da Bota o 18 é o número da latrina.

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