São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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'Abismo social' aparece na hora da final

HUMBERTO SACCOMANDI
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO

A festa do futebol no interior tem gosto e paisagem de cana-de-açúcar. Afinal, a região de Ribeirão Preto é o maior pólo produtor de álcool e açúcar do mundo.
Assim, a chamada Califórnia brasileira também é conhecida como a terra dos usineiros, os poderosos donos de usinas.
Mas é também a terra de organizados sindicatos rurais, que representam o outro personagem mais característico da área, o cortador de cana. Sindicatos que ajudaram a eleger um prefeito do PT, Antonio Palocci Filho, em Ribeirão Preto.
Para retratar esse contraste social, a reportagem da Folha foi a Sertãozinho e assistiu ao primeiro tempo da final na casa da família de Marta Luiza do Amaral Andrade, de trabalhadores rurais, no povoado de Cruz das Posses. No segundo tempo, esteve com a família do usineiro Menesis Balbo, na Usina Santo Antonio.
As agroempresas da família Balbo faturam US$ 100 milhões ao ano. Hoje Dona Marta vive dos salários de dois filhos, que somam juntos cerca de R$ 500 por mês.
Os Balbo assistiram à partida de um moderno TV Philips, com imagem captada por antena parabólica. A família de dona Marta, num antigo TV Philco, preto-e-branco, com imagem escura.
Mas o contraste não esconde um certo impulso modernizador. Ainda que abaixo de padrões do Primeiro Mundo, o salário dos cortadores de cana da região está entre os maiores da categoria.
O sindicato dos trabalhadores rurais de Sertãozinho admite que há poucos conflitos trabalhistas.
A imagem do cortador de cana de bermuda e sem camisa é coisa do passado. Protegidos pelo uniforme contra ferimentos causados por folhas de cana e cobras, cada vez mais lembram operários.

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