São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995 |
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Balbos lembram ex-empregado
HUMBERTO SACCOMANDI
Além de o Palmeiras ter conseguido empatar a partida ao final, o gol palmeirense foi marcado por Nílson, ex-funcionário de sua usina. ``Ele foi criado e começou a jogar bola aqui. Jogamos muito juntos", disse Balbo, cujo principal passatempo é justamente o futebol. Todos os sábados há uma partida entre os membros da família Balbo e funcionários da Usina Santo Antonio. Descendente de italianos, ele gosta de dizer que é parente do jogador Balbo, da seleção argentina. Como usineiro, não condiz com a imagem típica de coronel do interior. Começou pobre e é respeitado pelos colegas usineiros e pelos sindicalistas da região. Vestindo uma camisa do Palestra Itália, Balbo recebeu a Folha junto à quadra de bocha, no pequeno clube ao lado da área residencial da usina, onde mora com vários parentes. Ao final, pediu para que tocassem a fita com o hino do Palmeiras. (HuSa) Folha - O Nílson então era jogador seu? Menesis Balbo - Sim, ele é de Sertãozinho e foi criado aqui na usina. Era funcionário da empresa e jogava bola conosco. Depois teve sucesso e acabou indo para clubes grandes. Quando ele foi estrear no Internacional, pagamos a passagem para os pais dele irem assistir. Folha - O sr. é um fanático por futebol? Balbo - Há dois meses tive de fazer uma operação de catarata. A primeira coisa que perguntei ao médico foi quando poderia jogar novamente Ele não sabia, pois só quem tem catarata são bebês e velhos, que normalmente não jogam futebol. Folha - O sr. não passa a imagem do usineiro estilo coronel do interior? Balbo - Isso é coisa do passado e do Nordeste. Não vou dizer que todos os usineiros paulistas sejam honestos, pois não são, mas isso aqui é uma empresa e tem que administrado de modo moderno. Estamos até tentando o certificado ISO 9000. Folha - Mas a situação dos trabalhadores rurais está longe de ser ISO 9000? Balbo - É claro que o salário é baixo. Eu sei disso, porque fui cortador de cana, comecei de baixo, sei o quanto é duro esse trabalho. Mas a produtividade também é baixa. Eu gostaria que os filhos dos meus empregados estivessem na escola, estudando, para aprender a construir e operar máquinas que serão usadas na lavoura. Mas o governo se omite nisso, com o dinheiro dos nossos impostos. Folha - Os usineiros são realmente favorecidos pelo governo? Balbo - O preço do álcool está defasado em mais de 30% desde o Plano real. Tivemos dois aumentos de 6% que não bastaram para repor o aumento dos custos. Com essa política, o governo está subsidiando o consumo, não os usineiros. Além disso, o Rio de Janeiro concedeu diversos benefícios para que a Volks instalasse lá uma fábrica que vai empregar diretamente 1.500 funcionários. Nós aqui empregamos mais de 3 mil, e não temos benefícios, pelo contrário. Folha - Quem ganha o Campeonato Paulista? Balbo - O Palmeiras. O time foi melhor que o Corinthians, perdeu um pênalti, saiu perdendo, mas teve forças para empatar. Isso dá moral. Além disso, não gosto dessa vantagem de jogar pelo empate. Texto Anterior: Andrade economizam pela TV Próximo Texto: Como torcer com arte na decisão Índice |
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