São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Expulsões ajudam bicampeão a se refazer

ALBERTO HELENA JR.
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO

Recortado sobre o céu, de um azul californiano, o helicóptero da Bandeirantes segue ronronando, quando dispara a primeira bateria, à minha esquerda, onde a torcida palestrina abre claros de desesperança nas arquibancadas.
Ao mesmo tempo em que espoucam os fogos, ativa-se uma fumaça verde e outra de um alaranjado soturno. É quando o estádio estremece sob o foguetório da direita, onde a Fiel toma cada palmo das arquibancadas, num sinal de fé convicta.
O helicóptero perde-se na densa fumaça.
Apocalipse, now?
É o que veremos, agora que a bola começa a rolar, aqui em Ribeirão.
E o que vemos é o Palmeiras tomando a postura de ataque, com o Corinthians na moita, esperando o momento certo para explorar a provável intranquilidade dos palmeirenses, reminiscência da goleada sofrida no Olímpico.
Mas o jogo não se define além das intermediárias, a não ser por uma cabeçada sobre as traves de Sérgio, desferida por Souza. Num rebote, Edílson chuta fora.
Há, sim, um aquecimento maior, a partir dos 20min, e é o Palmeiras quem mantém o cerco sobre a área inimiga, amparado por Mancuso, que sustenta o ritmo no meio-de-campo, enquanto Roberto Carlos faz o aríete pela esquerda.
Eis que, lá pelos 30min, falta na entrada da área corintiana. Inexplicavelmente, cabe a Antônio Carlos fazer a cobrança, pífia, que enseja o contragolpe rápido de Souza, com Bernardo, Marcelinho, André, perigo desfeito. Ou melhor: transportado para a outra área, onde Muller dá um corte em Bernardo e sofre pênalti.
Na indecisão dos palmeirenses, o vislumbre do desastre: Roberto Carlos, para fora.
Pensei com meus botões, que os tenho e com quem faço longas reflexões, sim: o Palestra desmoronou. E, talvez, assim viria a ser, caso Bernardo e Alex Alves não fossem expulsos. Alex era apenas um toque de velocidade no ataque palmeirense, mas Bernardo era o ponto de referência do meio-campo e da defesa alvinegros.
Assim, o bicampeão, que parecia estar prestes a desabar, agarrou-se à alça do desequilíbrio tático corintiano e se refez até o final do primeiro tempo.
No segundo, a coisa pegou fogo, a partir das duas substituições feitas por Eduardo Amorim: Vítor e Elivélton, nos lugares de Souza e Marques. Não exatamente por isso, mas também, logo em seguida, Silvinho foge pela esquerda, cruza e Marcelinho fuzila.
Movido mais pelo desespero do que pela lógica, Carlos Alberto replica com três alterações de uma só vez: Flávio, Válber e Nílson entram; saem Roberto Carlos, Rivaldo e Muller, três das mais cintilantes estrelas da constelação verde.
Pois não é que, em quatro pontadas pela direita, o Palmeiras só não chega ao empate graças a Ronaldo, iluminado?
Ah, sim, mas Godói teria de participar do evento, claro. Eis que Elivélton parte com a bola é derrubado por Antônio Carlos, o juiz dá vantagem, gol de Viola, anulado. Então, que vantagem era essa?

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