São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 1995
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Polícia briga com jogadores corintianos e fere Zé Elias

MARCELO DAMATO
ENVIADO ESPECIAL A RIBEIRÃO PRETO (SP)

O volante Zé Elias foi agredido com um golpe de cassetete por um policial militar, cerca de meia hora após o jogo contra o Palmeiras.
O jogador foi levado para o Hospital Ribeirânia, de Ribeirão Preto, com suspeita de fratura no braço esquerdo.
O episódio foi um reflexo de todo o nervosismo que tomou conta dos jogadores corintianos desde a expulsão do volante Bernardo e do palmeirense Alex Alves, aos 37min do primeiro tempo.
"Estão metendo a mão", disse justamente Zé Elias, ainda no primeiro tempo. Mesmo depois do jogo, ele era um dos jogadores mais revoltados com o que considerou um ``juiz mal-intencionado" (leia texto abaixo).
O principal suspeito da agressão ao volante corintiano é o soldado Varjão, da 33ª Companhia da PM de Barretos, chamada para ajudar no policiamento do jogo.
Diretores do Corinthians afirmaram que reconheceram o soldado, mas ele foi colocado num carro da PM e levado embora.
A briga começou quando os jogadores estavam se dirigindo para o ônibus que os levaria de volta ao hotel Holliday Inn.
Segundo testemunhos, quando estavam entrando no ônibus, um torcedor palmeirense teria xingado os jogadores corintianos.
O volante reserva Ezequiel saiu em sua direção para agredi-lo, seguido de outros jogadores. Os policiais reprimiram os corintianos e feriram Zé Elias, que, chorando, foi primeiro para o ônibus e depois para o vestiário.
Descontrolado, o atacante Viola tentou agredir os policiais, a esmo. Foi contido e levado à força para o ônibus pelo goleiro reserva Ricardo Pinto e por Ezequiel.
Mais tarde, Zé Elias foi colocado em um Uno verde-escuro e levado para um hospital. Minutos depois, um torcedor do Corinthians também foi levado para um hospital. Segundo Eduardo Rosenberg, da Gaviões da Fiel, ele teria sido baleado na perna.
O vice-presidente de futebol do clube, José Mansur Farah, declarou que iria registrar queixa ontem mesmo no 1º Distrito de Ribeirão Preto. Ele quer processar a PM pela agressão. "O policial disse que era palmeirense."
Farah não quis comentar a hipótese de seu time pedir o adiamento da partida do próximo domingo. Também negou que o time tenha cogitado não disputar o segundo tempo da partida de ontem.
``Os jogadores estavam revoltados. Fui até eles para tranquilizá-los", afirmou. Já o técnico Eduardo Amorim disse que Farah não foi ao vestiário.
Amorim elogiou o time. "Não incentivo posse de bola. Quero que o time ataque até o fim."
No lance do gol do Palmeiras, Vítor, em vez de tocar de lado, fez um levantamento para a área. No contra-ataque, Nílson marcou.
"O gol não foi culpa nossa. Foi o juiz que inventou o tempo para descontar", disse Eduardo.

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