São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
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Receita sabia sobre armas desde 92

BETINA BERNARDES
DA REPORTAGEM LOCAL *

A Receita Federal sabia pelo menos há três anos que havia armas armazenadas em um depósito no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (20 km ao norte de SP).
``Há lotes que estão no depósito desde 92", disse Flávio Del Comuni, 41, inspetor da Receita Federal no aeroporto. As munições, segundo o Exército, representam risco para a segurança do local, porque são materiais explosivos.
Os lotes estão em um local chamado depósito de perdimento, que recebe cargas com irregularidade fiscal ou que foram abandonadas.
Essas cargas são abertas e catalogadas pela Receita antes de ir para o depósito, quando passam a ser responsabilidade da União.
Armas e munições, por questão de segurança, deveriam estar sob guarda do Exército desde quando foram catalogadas pela Receita.
O Ccomsex (Centro de Comunicação Social do Exército) disse que não foi informado sobre essas armas e que investigará o caso, após a apuração feita pela Receita.
Segundo a Receita, cabe agora ao Ministério Público Federal apurar se há indício de crime na importação ou exportação das armas.
``Só soubemos que havia armamentos e munições com a auditoria no aeroporto. Não sei se administrações anteriores comunicaram o Exército", disse Del Comuni.
A alfândega de Cumbica está sob intervenção da Receita. Há cerca de um mês, o inspetor da alfândega Aramis da Graça Pereira foi substituído no cargo por Del Comuni, que comanda a auditoria.
``Essas cargas foram abertas e catalogadas pela Receita na época em que foram para o depósito", disse Del Comuni. A Folha não conseguiu localizar Pereira ontem.
Não se sabe ainda quantas armas há no depósito. São metralhadoras, fuzis, revólveres, granadas e pelo menos 7,5 kg de pólvora.
Del Comuni disse que vai verificar outras cargas. ``Devemos encontrar mais armas e munições."
Segundo o Ccomsex, algumas armas seriam de um lote da Imbel (Indústria de Material Bélico), que seria exportado para a Itália.
Procurados ontem às 17h30, diretores da Imbel não foram localizados.

* Colaborou a Sucursal de Brasília.

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