São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
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Julgamento de Simpson atrai curiosos

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
EM LOS ANGELES

Às 9h em ponto, O. J. Simpson entrou na sala 103 da Corte Criminal de Los Angeles e sorriu para sua mãe, sentada em uma cadeira de rodas, numa de suas duas visitas mensais ao julgamento.
Por toda a manhã de ontem, foi a reação mais efusiva do ex-astro de futebol americano.
Ele se defende há 14 meses da acusação de ter matado a ex-mulher Nicole Brown Simpson e o amigo dela Ronald Goldman, em 12 de junho de 1994.
A Folha assistiu à sessão da manhã como convidada da Corte Criminal. Dividiu um dos seis bancos destinados ao público, mas ocupado por repórteres, advogados e estudantes de direito.
Na sala de 12 m por 12 m, no 9º andar do prédio, 96 pessoas tentavam acompanhava um dos mais populares julgamentos dos EUA.
Até os bancos destinados a policiais foram liberados ao público. À frente de cada fileira, um papel colado com durex avisa: ``Proibido mascar chicletes".
Os bancos também estampam uma circular do juiz do caso, Lance Ito, pedindo ao público que evite as ``fortes emoções".
É proibido falar, gesticular, ficar em pé, ostentar cartazes e usar camisetas ou ``bottons".
O pronunciamento de advogados e testemunhas soa baixo, apesar dos microfones. O juiz Ito é quase inaudível.
Simpson vestia terno azul marinho, camisa branca, gravata em tons de azul e vermelho e sapatos de couro preto com pingente.
Por 14 vezes, trocou frases com o advogado John Cochran, à sua esquerda. Sem gesticular, ele fala com as sobrancelhas erguidas e a testa enrugada, numa expressão que reflete irritação e enfado.
Enquanto a defesa tentava provar que a polícia teria fornecido provas falsas -meias sujas de sangue-, não se voltou para ouvir os pronunciamentos da acusação ou da defesa. Só as falas do juiz atraíam seu olhar. Nas pausas, rabiscou pedaços de papel.
Às 11h55, quando Ito encerrou a sessão da manhã, Simpson foi o primeiro a sair da sala, escoltado por um dos dois xerifes do Condado de Los Angeles, que dão guarda no julgamento.
Manteve o semblante sério. Não voltou a olhar para sua mãe.

A jornalista ANA ESTELA DE SOUSA PINTO está em Los Angeles como bolsista do World Press Institute.

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