São Paulo, terça-feira, 1 de agosto de 1995
Texto Anterior | Índice

Orlando Silva; Grupo Abril; Superindenizações; João Alves vai ao teatro; O poder dos bancos; A oligarquia brasileira; Respostas de jornalistas; Prejuízo da lavoura; Vestibular para trouxas

Orlando Silva
``Para os seus milhões de admiradores, a vida de Orlando Silva resume-se à história da sua bela voz. Por isso, `Nada Além -A Vida de Orlando Silva' fixa-se na trajetória que essa voz percorreu, do seu surgimento, em 1934, até o seu declínio, por volta de 1943, procurando oferecer ao leitor as particularidades pelas quais ela é considerada a mais perfeita jamais posta a serviço da música popular brasileira -uma rara unanimidade. O livro tem um formato romanceado com pinceladas de ficção por opção estética; por ser o mais adequado para avivar, nos orlandistas tradicionais e nas novas gerações, o esplendor do mito romântico que arrebatou este país de um modo fulminante. A inspiração da fórmula adotada está em Jorge Amado (`ABC de Castro Alves'), Paulo Setúbal, Thomas Calyle, Gore Vidal, Truman Capote, Norman Mailer e outros. É um gênero literário em que a paixão pode correr solta, sem o pudor de cometer algumas licenças (poéticas?) a serviço da fantasia, para melhor fazer renascer vultos históricos de valor, que de outro modo perderiam o brilho, desfilando como figuras opacas de frios relatórios tipo `Diário Oficial': sem alma nem cor. Se isso chocou algum crítico provinciano ou `historien rempli de soi-même', tipo tão em moda, desses que satrapeiam sobre assuntos que nem sempre dominam bem, paciência. `Nada Além' é dirigido a um público determinado. E talvez por essa identidade esteja caminhando para a quarta edição, com seus 120 dias de vida."
Jorge Aguiar (São Paulo, SP)

Grupo Abril
``Com referência às declarações de Otavio Frias Filho publicadas na Folha de 29/7, gostaria de observar o seguinte: 1) Nossas `revistas de fofoca' jamais pautaram uma única matéria em consequência de qualquer `investigação' da Folha. 2) A Folha não precisa dispensar tempo, esforço ou energia `investigando' as `aventuras empresariais' do Grupo Abril. Se e quando quiser publicar informações corretas a respeito de qualquer um dos nossos muitos empreendimentos -todos conhecidos e respeitados nacional e internacionalmente pela sua integridade, qualidade e sucesso-, basta telefonar para marcar uma visita. Os repórteres da Folha serão recebidos com informações precisas, explicações transparentes e a maior cordialidade. Lamento que o `sujeito' ao qual o autor se referiu goze de tão baixo conceito aos seus olhos. Doravante vou me esforçar mais para tentar subir um pouco na sua estima."
Roberto Civita, diretor-presidente do Grupo Abril (São Paulo, SP)

Superindenizações
``São uma vergonha as superindenizações que um grupo de 35 empresários paulistas está exigindo do governo federal por 231 mil hectares de terras que foram alagadas pela hidrelétrica de Balbina. A verdade é que as áreas atingidas pela hidrelétrica foram da reserva indígena da tribo waimiri-atroarí, criada pelo decreto nº 68.907 de 1971, alterado em 1974 e 1975. As informações prestadas pela Eletronorte em 1987 foram de que as áreas que seriam atingidas pertenciam aos índios waimiri-atroarí. A Eletronorte, à época, prometeu indenizações aos índios, o que não ocorreu até hoje. Os maiores prejudicados com a construção da hidrelétrica de Balbina no Amazonas foram os verdadeiros donos desta área, que em 1987 foram retirados das áreas que seriam alagadas e recolocados em outras áreas. Os índios é que precisam ser indenizados."
Isaias Ribeiro e Jeff Amazonas (Manaus, AM)

João Alves vai ao teatro
``Dia 30/7, domingo, sessão das 19h de minha peça `Louco Circo do Desejo', em Belo Horizonte. João Alves, conhecido como o anão-mor do Orçamento, interrompe o espetáculo aos berros, chama o ator Fernando Ernesto de `veado', minha peça de `indecente', todo o teatro brasileiro de `merda' e sai da platéia ruidosamente ao lado de seus familiares. Enquanto isso, o elenco -com a cena `congelada'- e o público, constrangido, têm que esperar o baluarte da moral se retirar com sua comitiva para dar seguimento, sabe Deus como, ao espetáculo. Não entrando no mérito da justiça -já que o `Teatro da Cidade' e eu estamos acionando João Alves por, entre outras coisas, agressão verbal-, mas ficando no terreno mais doméstico do direito, pergunto: com que direito o dito anão e seus seis familiares interrompem o trabalho de toda uma equipe e a atenção das 293 pessoas que lotavam o teatro?"
Consuelo de Castro (São Paulo, SP)

O poder dos bancos
``Enquanto os bancos captarem a 3% (poupança), emprestarem a 7% (curto prazo) e debitarem a 12% (cheque especial), não teremos agricultores satisfeitos, comércio atuante, indústrias investindo nem queda de inflação. Itamar está com a razão. Acorda, Brasil."
Curt Nees (Joinville, SC)

A oligarquia brasileira
``Primeiro o presidente Fernando Henrique reclamou da esquerda. Agora reclama da direita. Só falta, portanto, o essencial e mais difícil, que é reclamar de quem realmente, há longo tempo, manda no Brasil: a chamada `classe dominante', ou, mais precisamente, a oligarquia brasileira. Mais difícil, talvez, porque a oligarquia tem interesses de dinheiro e poder, sempre obedientes à diretriz `muito mais ainda é pouco, um pouco menos já é demais'."
Fernando Salinas Lacorte (Rio de Janeiro, RJ)

Respostas de jornalistas
``Nesta oportunidade pretendo fazer uma crítica ao sistema adotado pela Folha. Não concordo com a resposta, em negrito, de jornalista que se suscetibiliza com a opinião do leitor. Considero uma verdadeira discriminação, já que a colaboração (?) do leitor decai de importância, realçando o valor da resposta. E não quero nem pensar que a resposta constitua autodefesa do jornal, para não interpretá-la como hipocrisia. Sugiro que o(a) jornalista, ao utilizar o `Painel do Leitor', faça-o como tal, e não como alguém profissionalmente relacionado com o jornal."
Adauto Quirino Silva (Birigui, SP)

Prejuízo da lavoura
``O lavrador é levado a fazer dívidas com regras ocultas e não quer calote. Este ano a dívida cresceu até 80% em relação ao produto com preços administrados. Bons tempos os do `Plante que o João garante'. Tínhamos um João. O resultado hoje se prevê: lucro dos bancos, `preju' da lavoura."
J. Batista, secretário-adjunto do Comitê Nacional de Produtores de Café (Campinas, SP)

Vestibular para trouxas
``Venho expressar meus protestos sobre o texto de Marilene Felinto de 2/7, `Vestibular para trouxas'. Quero dizer desde já que sou aluno do curso noturno de segundo grau e não me julgo um trouxa. Você, Marilene, que é uma escritora de um considerável sucesso e que já passou pelas mesmas dificuldades pelas quais nós estamos passando, deveria usar a sua solidariedade de uma outra forma, de preferência nos encorajando a prestar vestibular, a nos tornarmos parte ativa e decisiva da população brasileira."
Marcio Anastácio de Lima, seguem-se mais 18 assinaturas (São Paulo, SP)

Texto Anterior: O PT e a reforma política
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.