São Paulo, quarta-feira, 2 de agosto de 1995 |
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Terra é o que mais tem
CLÓVIS ROSSI Mais do que uma mera reforma agrária, o Brasil está precisando mesmo é de uma revolução no campo. Terra para isso é exatamente o que não falta, conforme dados contidos em artigo para o primeiro número da revista ``BNDES Setorial", editada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.O gerente de Agropecuária e Agroindústria do banco, Jaldir Freire Lima, reproduz uma tabelinha que é intrigante. ``O Brasil explora apenas cerca de 10% de sua área cultivável, enquanto a média mundial é de 51%", escreve o técnico do BNDES. É importante enfatizar que ele não está se referindo ao total das terras existentes no Brasil, mas apenas à fatia delas que é utilizável para a agropecuária. Parece um mistério. Está bem que se trata de um país pobre, portanto carente de capitais e com baixa taxa de poupança. Logo, não há dinheiro para explorar todo o seu potencial. Ainda assim, a reduzida taxa de exploração das terras utilizáveis é enorme. Basta comparar com a África, continente ainda mais pobre e de taxa de poupança mais reduzida. Pois bem: é de 35% a porcentagem de terras cultiváveis em uso na África, ou três vezes e meia mais do que no Brasil. Mesmo com esse, digamos, mistério, o que Jaldir Freire Lima chama de CAI (complexo agroindustrial) responde por cerca de 40% do PIB (o Produto Interno Bruto, o total da riqueza produzida anualmente por um dado país) e também por aproximadamente 40% das exportações. O CAI engloba a produção agropecuária, a fabricação de insumos e máquinas agrícolas, o processamento industrial do que o campo produz e a distribuição dessa produção. Mais: toda essa atividade tem enorme potencial de ``desconcentração e interiorização do desenvolvimento econômico, haja vista que as atividades de serviço e beneficiamento agroindustrial acompanham a produção". Por tudo isso, é imperdoável que o governo deixe instalar-se uma enorme crise de renda na agricultura, admitida pelo próprio presidente da República, mas não corrigida. Texto Anterior: A quinta dimensão Próximo Texto: A Previdência de 2030 Índice |
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