São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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FHC acata veto feito por ACM

JOSIAS DE SOUZA; SERGIO LIMA; <UN->RAQUEL ULHÔA; SILVANA DE FREITAS

JOSIAS DE SOUZA; SERGIO LIMA
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília; Da Sucursal de Brasília
As reclamações do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) contra indicações para cargos no governo já surtiram efeito.
Menos de 24 horas depois de ter conversado com ACM, o presidente Fernando Henrique recomendou ao secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, que resolva alguns pedidos do senador.
A Folha flagrou ontem o presidente no instante em que manuseava um bilhete que traz no cabeçalho o nome abreviado de seu auxiliar: "E. Jorge". Em seguida, lista nomes de empresas públicas e de candidatos à sua diretoria. A caligrafia é de FHC.
O presidente estava acompanhado do vice Marco Maciel, que, na véspera, testemunhara o encontro com ACM. Auxiliado pelo vice, FHC rememorou os vetos sugeridos verbalmente por ACM.
Uma das empresas mencionadas no bilhete é Furnas, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, sob o comando de Raimundo Brito, apadrinhado de ACM.
O candidato vetado é Jadir Magalhães, ex-superintendente-adjunto da Zona Franca de Manaus (governo Sarney). Acima do nome de Magalhães, FHC anotou no bilhete ``ñ" (não).
A Folha apurou que ACM vetou também indicações feitas para a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), subordinada ao Ministério da Agricultura.
Em seu bilhete, FHC escreveu ``Conab-Bahia", sem mencionar os nomes vetados.
Há ainda nas anotações do presidente nomes que não foram mencionados por ACM.
O encontro de FHC com o senador foi na noite da última terça-feira, no Palácio do Jaburu, residência oficial de Marco Maciel, que é do partido de ACM.
O presidente da Câmara dos Deputados e filho do senador, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), também participou do jantar.
O porta-voz do Planalto, Sérgio Amaral, afirmou que FHC descartou alguns dos casos apresentados por ACM e ``registrou e mandou averiguar se existe alguma irregularidade" em relação a outros.
Esses seriam apenas ``um ou dois", segundo ele. "Em relação a alguns casos, como o presidente não tinha informações, pediu para averiguar".
A Secretaria Geral da Presidência está encarregada da investigação. Amaral disse que "a checagem pelo órgão é praxe das nomeações públicas". Ele declarou que o governo tomará providências se confirmar irregularidade.
O porta-voz disse que a maior parte dos nomes da lista apresentada anteontem por ACM foi descartada porque FHC tinha conhecimento sobre a situação.
Segundo ele, "as dúvidas foram esclarecidas" pelo presidente. ACM vinha ameaçando divulgar uma relação de nomes que ele considera "inidôneos" para ocupar cargos federais na Bahia e em outros Estados, que foram indicados por políticos para o segundo e o terceiro escalões.
Ele afirmou não ter levado ao presidente essa relação por escrito. Disse que citou os nomes e os motivos pelos quais não os considera idôneos para ocupar cargos no governo.

Colaboraram RAQUEL ULHÔA e SILVANA DE FREITAS, da Sucursal de Brasília

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