São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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PM confessa ter falsificado provas no PR

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O tenente da PM Demétrius Farias Lobo disse em depoimento no IPM (Inquérito Policial Militar) que determinou a colocação de um revólver calibre 22 mm no carro em que estava o estudante universitário Luciano Salkovsk, 20.
Lobo é acusado de matar Salkovsk com um tiro nas costas na noite do dia 18 de julho, no bairro do Xaxim, a 10 km do centro de Curitiba (PR).
Ele havia dito em depoimento à Polícia Civil que tinha reagido a disparo feito por um dos ocupantes do Gol em que estava Salkovsk.
Lobo disse que determinou que um soldado da PM desse um tiro no pára-brisa do carro da polícia e colocasse o revólver no Gol.
A Agência Folha apurou que Lobo admitiu ainda em seu depoimento ter simulado uma troca de tiros, temendo reação dos moradores da rua onde aconteceu o crime.
O major Itamar dos Santos, que preside o inquérito, não quis confirmar a declaração de Lobo. ``O IPM está sob sigilo", disse.
Segundo ele, caso venha a ser condenado pela Justiça Militar, Lobo pode ser punido com prisão ou expulsão da corporação.
O inquérito na Polícia Civil está suspenso por determinação do juiz José Maria Aniceto, que concedeu liminar ao advogado de Lobo, Rolf Koerner Júnior.
O juiz disse, em seu despacho, que o crime é de competência da Justiça Militar e decidiu pelo ``trancamento" do inquérito policial civil.
Lobo está lotado no Regimento de Cavalaria Montada e, desde o dia 19, cumpre apenas atividades administrativas. Ele responde ao inquérito em liberdade.
A Agência Folha tentou falar com o tenente e com seu advogado Rolf Koerner Júnior. Até as 19h de ontem eles não haviam retornado as ligações.
Luciano Salkovsk era estudante de engenharia civil da PUC (Pontifícia Universidade Católica). A família disse que ele, o irmão Fábio, 19, e mais dois amigos estavam a 200 metros de sua casa testando o motor de um Gol quando viram um carro da polícia.
Eles teriam se assustado porque o carro estava sem o vidro traseiro e cinto de segurança. Segundo Lobo, o Gol tinha características de um carro que havia sido furtado.

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