São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995 |
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'Apontei o revólver o tempo todo para a menina'
DA REPORTAGEM LOCAL O ajudante de serralheiro Ricardo Lima dos Santos disse que ``merece morrer" por ter assassinado Lucicleide de Souza França. A seguir, trechos da entrevista:Folha - Como você abordou a corretora? Santos - Falei que era um assalto e mandei ela não se mexer, senão atirava. Apontei o revólver o tempo todo para a menina. Folha - Como saíram do hipermercado? Santos - Não tinha guarda, só uma mulher. Obriguei ela (Lucicleide) a acelerar o carro e passar direto, sem entregar o cartão. A mulher saiu correndo atrás e dei tchau para ela. Folha - Você conhecia alguém no hipermercado? Santos - Trabalhei lá há quatro anos atrás, mas não conhecia ninguém. Fui lá tomar uns ``rabos-de-galo" (mistura de pinga com vermute). Folha - Você queria estuprar a corretora? Santos - Não, só roubar. Folha - Quando você decidiu que iria estuprá-la? Santos - Me deu na idéia quando cheguei no escuro. Folha - O que vocês falavam? Santos - Falei que queria transar. Aí ela disse: "E a minha filha?" Então eu resolvi esconder a menina. Fiz a garota ajoelhar e abaixei o banco. Ela implorava para eu não fazer nada com a filha. Folha - Por que você matou? Santos - Ela reagiu. Mandei tirar a roupa e fiquei com a arma a um metro dela. Depois, ela pulou em cima da arma e eu atirei. Folha - O primeiro tiro atingiu a mulher? Santos - Pegou na minha mão. Ela se levantou, tentou segurar a arma e falou para a menina correr. Aí, eu atirei mais duas vezes. Folha - Você tentou levar o carro e a menina. Por quê? Santos - Queria largar ela em algum lugar e pegar um ônibus. Folha - Você bateu o carro? Santos - Não sei dirigir. Depois que bati, fugi pelo vidro. Não levei nada porque estava nervoso. Para onde você foi? Santos - Fui à casa do meu primo, na favela Paraisópolis. Disse que tinha matado uma pessoa e me expulsaram. Fui para o hospital. Folha - Você também foi para uma festa de aniversário? Santos - Passei lá para deixar a arma com a minha ex-namorada. Folha - Você não tentou recuperar a mochila que esqueceu? Santos - Nem me toquei que tinha deixado a mochila lá (no carro). Só sabia que tinha perdido. Folha - O que você acha que vai acontecer agora? Santos - Vou ter que pagar pelo que fiz. Mereço a morte. Folha - Por que quis roubar? Santos - Precisava de R$ 150, para pagar a bicicleta que tinha levado do meu primo. Texto Anterior: Operário diz que matou corretora Próximo Texto: Família crê que J. seria morta Índice |
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