São Paulo, quinta-feira, 3 de agosto de 1995
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Dívidas levam Mesbla a pedir concordata

DA SUCURSAL DO RIO

A Mesbla S/A., a Mesbla Loja de Departamentos S/A., a Brazfabril S/A. Indústria e Comércio, a Mesbla Móveis e a Presta Administradora de Cartão de Crédito, todas empresas do grupo Mesbla, pediram concordata ontem ao juiz da 7ª Vara de Falências, Paulo César Salomão.
As empresas esperam com a concordata (um artifício legal para renegociar as dívidas com os credores) obter o prazo de 24 meses para o pagamento de suas dívidas quirografárias (débitos sem garantias).
No primeiro ano, seriam pagos 40% das dívidas das cinco empresas -que, somadas, chegam a pouco mais de R$ 258 milhões. O restante seria pago no segundo ano.
A principal devedora é a loja de departamentos, que responde por R$ 125 milhões. A loja de departamentos é também responsável por 48% do faturamento do grupo.
Segundo a vice-presidente executiva do grupo Mesbla, Cláudia Quaresma, 42, essa foi a única saída para a reestruturação do grupo.
``Queremos fazer um trabalho coordenado de reestruturação das empresas do grupo. A concordata é uma sinalização para o mercado da nossa disposição de encontrar soluções", afirmou.
Dentro dessas soluções estão a busca de parceiros nos negócios, bem como a possibilidade de vender ações para empresas internacionais. Não está descartada também a venda de imóveis do grupo, que valem R$ 50 milhões.
A Mesbla já localizou possíveis grupos estrangeiros interessados, todos com experiência em lojas de departamentos.
Para fazer isso, a Mesbla traçou um perfil do que seria um reestruturador ideal para o grupo, que ainda não está escolhido.
``O reestruturador teria de buscar soluções para as nossas dívidas e nos apoiar na busca de novos parceiros. Tem de ter um perfil voltado para o setor financeiro, com uma ampla visão do mercado de capitais", disse Quaresma.
Ela adiantou que os novos parceiros que o grupo Mesbla procura são aqueles com experiência no controle de qualidade e com tecnologia para vendas por catálogos.
A dívida total do grupo Mesbla é de R$ 330 milhões e seu patrimônio líquido (o patrimônio total menos as dívidas) é de R$ 280 milhões. No ano passado, o grupo teve um faturamento de R$ 1,5 bilhão.
Segundo Quaresma, dois principais motivos levaram as cinco empresas a pedir concordata: os juros altos e a retração do consumo.
``Queremos atender à classe média brasileira. Estamos voltados para atender a mulher da classe B, que tem filhos e que gerencia sua casa."
Ela disse que não se preocupa com esse último montante, nem mesmo em função da inadimplência (atraso no pagamento).
Ela não citou qual a taxa de inadimplência de clientes, mas informou que é pequena.
Entre os principais credores da Mesbla estão o Unibanco e o BCN (Banco de Crédito Nacional).
A Mesbla, empresa de capital aberto, é controlada pela família De Botton. O grupo tem 45 lojas e 17 concessionários de automóveis
Quaresma afirmou que dentro de 30 dias poderá haver definição do grupo estrangeiro que se tornará parceiro da Mesbla. Ela não divulgou nomes. Disse apenas que será uma empresa do setor de lojas de departamento -norte-americana, européia ou asiática.

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