São Paulo, sexta-feira, 4 de agosto de 1995
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Motta distribui cargos ao PFL para abafar rebelião

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para tentar abafar a crise do PFL com o governo, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta (PSDB), acertou acordo que dá ao partido o controle de três diretorias da Telpe (empresa de telecomunicações de Pernambuco). A presidência da estatal foi para o PSDB.
O acordo foi fechado na noite de anteontem, no gabinete do ministro.
A crise do PFL começou a ser estimulada pelas bancadas de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Motta neutralizou Inocêncio Oliveira, líder do PFL na Câmara e porta-voz da bancada na luta por cargos.
No dia anterior, Inocêncio acusava Motta de privilegiar o PSDB. Lembrava que os tucanos haviam ficado com 5 das 10 presidências de subsidiárias da Telebrás.
Para compensar, Inocêncio queria manter a presidência e as diretorias da Telpe.
Motta queria escolher pessoas com perfil técnico para a presidência e para as cinco diretorias. Uma auditoria da Secretaria de Controle Interno do ministério rejeitou as contas da gestão do atual presidente da Telpe, Paulo Costa.
O senador tucano Carlos Wilson (PE) entrou na disputa e conseguiu indicar Clodoaldo Torres para o cargo de presidente.
Inocêncio ficou com a Diretoria de Operações, o deputado José Mendonça de Bezerra com a Diretoria Administrativa e o deputado Toni Gel com a de Recursos Humanos. Todos são do PFL.
Inocêncio disse ontem que Motta também vai garantir um espaço para o deputado Arolde Oliveira (PFL-RJ) na Telerj. Arolde perdeu a Diretoria Técnica.
Durante a reunião, Motta apresentou a auditoria na Telpe aos parlamentares. Uma das irregularidades apontadas foi a contratação de um advogado (Pedro Nóbrega), por R$ 244 mil, sem licitação.
A empresa teria pago valores superfaturados (R$ 113 mil, em vez de R$ 93 mil) pela pavimentação de um estacionamento. Teria também contratado de forma irregular 334 funcionários.
Paulo Costa disse à Folha que o advogado Pedro Nóbrega foi contratado para acompanhar pedidos de reintegração de mais de cem funcionários demitidos.
Disse que vai provar que não houve superfaturamento ou contratação irregular de funcionários.
FHC
O porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral, disse ontem que não há razões para a insatisfação de parlamentares. ``O governo não usou cargos como moeda de troca. E o que o governo prometeu, o governo fez", disse o porta-voz.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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