São Paulo, sexta-feira, 4 de agosto de 1995 |
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"Coronel Chabert" revela novo diretor
INÁCIO ARAUJO
Produção: França, 1993, 110 min. Direção: Yves Angelo Elenco: Gérard Depardieu, Fanny Ardant, Fabrice Luchini, André Dussolier Onde: a partir de hoje nos cinemas Arouche A, Cinearte e Vitrine Em 1807, Chabert, coronel de Napoleão, morre em batalha. Em 1817, Chabert (Depardieu) reaparece em Paris. Mas, nesses dez anos, muitas coisas se passaram. Só para começar, a Revolução Francesa e seu sucessor, o império napoleônico, foram para o buraco. A monarquia foi restaurada, na pessoa de Luís 18. E o ex-herói Chabert é um incômodo absoluto. Para começar, sua ex-mulher (Fanny Ardant) casou com outro homem (André Dussolier). Tornou-se a condessa Ferraud. Pior, o conde é um nobre monarquista, com aspirações políticas que o passado da mulher -ligada a Napoleão- atrapalha. Para Chabert colocam-se vários problemas, o primeiro deles provar que está vivo. Nisso, será ajudado pelo advogado Derville (Fabrice Luchini). Seguem-se outras urgências: reaver a mulher e a fortuna que deixou. A história é complexa e rica. Ninguém estranhará que tenha como origem um romance de Balzac, pois todo um painel da França do século 19 se desenha: desde os nobres reabilitados pela queda de Napoleão, até a vertiginosa ascensão social da condessa Ferraud (na verdade, uma ex-prostituta que Chabert tirou de um bordel para transformá-la em sua mulher), estamos diante um tecido de contradições com o qual até hoje a França se debate. É uma sociedade fraturada, oscilando entre assumir certas verdades ou ignorar sua própria história, o que nos é mostrado. O principal mérito do filme é nos introduzir a esse mundo de maneira adequada. Da reconstituição de época (discreta, sem procurar impressionar pelo luxo, por exemplo), até a descrição dos ambientes (que evoca a dos romances de Balzac, sem usá-lo como valor), Angelo se livra de problemas onde muitos costumam tropeçar. Em seguida, existe um crescendo adequado dos personagens e de sua complexidade -no que o diretor é ajudado por um grupo de atores de primeira linha. (IA) Texto Anterior: Em Roma, aja como os romanos Próximo Texto: Ribeirão Preto faz festival de teatro grego Índice |
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