São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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'Senador não desce do palanque'

VALDO CRUZ
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso e líderes do PFL, num encontro recente, chegaram à seguinte avaliação: o senador José Sarney já está pensando na sucessão presidencial ao criticar o governo.
Durante a conversa, o comentário mais ouvido foi que o ex-presidente nunca desce do palanque.
FHC está preocupado principalmente com o futuro da MP (medida provisória) que acabou com a correção automática dos salários, um dos alvos prediletos do hoje presidente do Congresso Nacional.
O governo não admite negociar nenhum tipo de correção dos salários num prazo inferior a um ano, nem mesmo para as faixas salariais mais baixas. Sarney vem defendendo exatamente isso.
Numa conversa posterior com seus assessores, FHC concluiu que precisa tentar neutralizar as ações de Sarney. Principalmente porque ele, como presidente do Congresso, pode agilizar a votação da MP.
A primeira iniciativa foi convidar o senador peemedebista para uma conversa no Palácio do Planalto, o que aconteceu ontem. Só que, pelas declarações do ex-presidente após a audiência, FHC não teve êxito (veja ao lado).
Se não conseguir barrar o que considera tom populista de Sarney, FHC conta com o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, para segurar a votação da MP que acabou com a correção automática dos salários.
Enquanto Sarney já defendeu a votação imediata da MP do governo, o pefelista Luís Eduardo não pretende fazer nenhum esforço para acelerar sua tramitação.
Essa, por sinal, foi outra estratégia definida pelo presidente e seus auxiliares para neutralizar Sarney. Os líderes governistas estão sendo orientados a repetir a mesma "novela" da MP que criou o real.
Aquela MP tramitou no Congresso durante um ano. Só foi votada às vésperas da edição da medida provisória que proíbe a fixação de índices de preços para corrigir os salários.
Para essa estratégia funcionar, FHC terá de ganhar o apoio de outro peemedebista, o senador Coutinho Jorge (PA). Relator da MP, ele também está defendendo proteção para os salários mais baixos.

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