São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995
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Brasileiro assume como 'papa' dos batistas

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

Presidente da Primeira Igreja Batista de Niterói (RJ), o pastor Nilson do Amaral Fanini, 63, será empossado hoje no cargo de presidente da Aliança Batista Mundial.
A posse do novo ``papa batista" ocorrerá em Buenos Aires, durante o 17º Congresso da Aliança Batista Mundial.
Durante os próximos cinco anos, Fanini comandará uma das principais vertentes dos evangélicos -ele afirma existirem, em 214 países, cerca de 100 milhões de batistas, entre eles, o presidente norte-americano, Bill Clinton.
Em entrevista à Folha, Fanini disse que vai priorizar a utilização da televisão para divulgar as mensagens de Jesus Cristo.
Presidente da obra social Reencontro, Fanini lançou um programa de TV com o mesmo nome, hoje apresentado em 230 canais das redes Record e Brasil. Ele afirmou estar vendendo a concessão da TV Rio, obtida no governo Figueiredo (1979-1985).
Paranaense de Curitiba, ele é casado e tem três filhos. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - Quais serão as prioridades de sua gestão?
Nilson do Amaral Fanini - A questão dos direitos humanos, a defesa da liberdade religiosa, das minorias e da justiça social. Vamos também estimular o trabalho com a criança desamparada e, principalmente, nos dedicarmos à evangelização.
Folha - Qual é relação dos batistas com os pentecostais (fiéis de igrejas como a Universal do Reino de Deus)? Por que esses grupos têm crescido mais que outras denominações evangélicas?
Fanini - A harmonia é a melhor possível. O crescimento dos pentecostais realmente tem sido muito grande, eles trabalham mais e sabem usar melhor a mídia.
Folha - Como está a discussão em torno da ordenação de mulheres entre os batistas?
Fanini - Foi eleita uma comissão que está estudando a consagração de mulheres pastoras, o que já é aceito em outros países. Em janeiro do próximo ano haverá a convenção nacional, em Natal (RN), quando o assunto será discutido. Eu, por exemplo, não vejo nenhum problema nisso.
Folha - Existe alguma discussão sobre a participação de homossexuais na Igreja Batista?
Fanini - Não, não está sendo debatido. Respeitamos a maneira de cada um viver, é uma minoria, eles têm direito. Não temos nenhum ponto contra.
Folha - Um homossexual pode ser membro da Igreja Batista?
Fanini - É difícil encontrar um fiel assumido.
Folha - Mas se houver um caso?
Fanini - Pode haver, mas até agora não se discutiu isto.
Folha - A Igreja Católica recomenda a abstinência aos homossexuais...
Fanini - Nós também, claro. É uma recomendação bíblica.
Folha - Costuma ser feita uma identificação entre a chamada ``bancada evangélica" no Congresso Nacional e uma postura política mais conservadora. A senadora Benedita da Silva (PT-RJ), integrante da Assembléia de Deus, teve o apoio dos evangélicos?
Fanini - Acho que ela foi eleita pelos evangélicos. Os pontos de vista dela, como muitos do PT, são pelo social, pela defesa dos trabalhadores, dos pobres. Não vamos muito pelos partidos, mas pelas pessoas.
Folha - Como o sr. pretende utilizar os meios de comunicação neste processo de evangelização?
Fanini - Nosso plano é de usar a mídia o máximo possível. Em maio, Billy Graham (pastor norte-americano, especialista no uso da TV) fez uma cruzada na Costa Rica que, via satélite, atingiu uma cobertura de 1,2 bilhão de pessoas no mundo inteiro. É um sistema novo que pretendemos utilizar.

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