São Paulo, sábado, 5 de agosto de 1995![]() |
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Estudante é baleada na cabeça por tenente
MARCELO GODOY
O fato aconteceu na rua Lacônia, no Brooklin (zona sul). Há duas versões para o caso. Ambas são iguais no início: o tenente e outros três policiais militares teriam visto o adolescente A.S.F., 16, próximo de uma favela e decidiram abordá-lo por considerá-lo ``suspeito". A versão da acusação contra o tenente é de que ele teria começado a espancar o adolescente. A.S.F. disse, ao depor, no 27º DP que o disparo ocorreu quando o tenente desferiu uma coronhada com a arma em direção à sua cabeça. O adolescente afirmou que se esquivou e que a arma atingiu seu ombro, disparando. A estudante, que estaria assistindo a cena do portão de sua casa, foi atingida. A metralhadora que o oficial carregava é uma Beretta calibre 9 milímetros. Ela possui duas travas de segurança para impedir disparos acidentais. Caso não tenha defeito, esse tipo de arma só dispara após as duas travas serem soltas ou se o portador deixar uma bala na agulha (posição de disparo por meio de um leve toque do dedo no gatilho). A estudante foi levada pelos próprios PMs ao Hospital do Jabaquara. Seu estado de saúde era considerado gravíssimo pelos médicos até as 22h de ontem. A PM só apresentou o oficial ao 27º DP seis horas e meia após o fato. O tenente negou a agressão a A.S.F. e disse que estava revistando o adolescente quando a metralhadora disparou por ``acidente". O delegado Eduardo de Camargo Lima resolveu autuá-lo em flagrante sob a acusação de lesão corporal culposa (quando não há a intenção de ferir). O tenente deveria pagar R$ 60 de fiança para responder ao inquérito em liberdade. A metralhadora não foi levada pela PM à delegacia. O comando do 12º Batalhão teria se comprometido em mandar a arma para o Instituto de Criminalística, que deverá examiná-la a fim de saber se o disparo foi acidental. IPM Além do inquérito aberto pela delegacia, o comando do 12º Batalhão instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) sobre o caso. Depois de sair do 27º DP, o tenente deveria depor ainda ontem à noite no IPM. Segundo Lemes, será investigado se o acusado agiu com imprudência e negligência ao abordar o adolescente. As testemunhas do caso também serão ouvidas no IPM. O coronel disse que, caso seja provado a acusação, o oficial será punido. Texto Anterior: PF prende em Salvador acusado de ser mafioso; Justiça quebra sigilo de colecionadores de armas; Próximo Texto: Alencar nega fim de polícia no Rio Índice |
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