São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995
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'Mercado de trabalho é difícil', diz angolano

BETINA BERNARDES; VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os angolanos são 90% dos refugiados que vivem no Brasil. Para eles, a adaptação no país é mais difícil. A maioria tem formação apenas de 2º grau.
``O mercado de trabalho aqui é difícil, demorei para conseguir um emprego", diz o angolano Apolinario Matondo, 27. Ele chegou ao Brasil em 93.
Matondo nasceu em Angola, mas viveu a maior parte de sua vida no Zaire, onde fez curso de marcenaria. Antes de deixar a África, ele chegou a voltar a morar em Angola, em 92. ``Não deu certo. Foi uma época em que a guerra recomeçou com toda força e tive de sair." Em São Paulo, longe dos pais e dos dez irmãos, ele foi morar em uma república com mais cinco angolanos e trabalhou fazendo ``bicos" em marcenaria. Ingressou na primeira turma do curso de panificação e confeitaria promovido pelo Senai e agora trabalha na área.
``Em Angola, eu era perseguido por causa da guerra. Aqui tem problema de preconceito. Muitos brasileiros acham que os africanos são traficantes."
Discriminação é um problema que a angolana Judith Luacute, 38, diz nunca ter sentido. Ela fez faculdade de enfermagem na USP. ``Concorri para um emprego com várias candidatas, brancas e brasileiras, e fui aceita", afirma.
Na época em que era técnica em enfermagem em Angola, chegou a atender vários feridos pela guerra civil. ``Pretendo voltar para lá. Sinto saudades de meu povo."
(BB e VA)

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