São Paulo, domingo, 6 de agosto de 1995 |
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"Liquidação" chega aos serviços
VERA BUENO DE AZEVEDO; MÁRCIA DE CHIARA
Restaurantes sorteiam carro e baixam preços, bares oferecem bebida de graça e cabeleireiros dão desconto para quem usar os serviços nos dias de menor movimento. A realidade é que esses setores aumentaram muito seus preços desde julho de 94 e hoje tentam recuperar a clientela que vem sendo perdida desde março passado. Nos últimos 12 meses até julho de 95, os preços dos serviços pessoais (cabeleireiros, barbeiros etc.) subiram 76,59%, segundo o IPC da Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O setor perdeu apenas para os aluguéis, que aumentaram 226,40% no período. A inflação média foi de 28,31%. Outro item de peso na composição do IPC foi a alimentação fora do domicílio, ou seja, em bares e restaurantes. Segundo o IPC da Fipe, comer fora de casa teve alta de 39,31% em 12 meses até julho de 95. No mesmo período, a alimentação no domicílio subiu 14,10%. As promoções já tiveram reflexo nos índices de julho. Os serviços pessoais subiram 3,44% e comer fora de casa ficou 1,69% mais caro. O IPC do mês foi de 3,72%. ``Esses setores beneficiaram-se com o crescimento econômico e o efeito distributivo de renda do Real", diz Heron do Carmo, coordenador do IPC da Fipe. Segundo ele, a maior procura pelos serviços estimulou a abertura de novos estabelecimentos e propiciou a alta dos preços. Agora, no entanto, o aumento da concorrência, o desaquecimento da economia e o alto grau de endividamento dos consumidores estão afetando o setor, diz Heron. Enfrentam, ainda, mudanças no comportamento do consumidor, mais ``escolado" pela convivência com inflação baixa, endividamento alto e orçamento apertado. ``Ao sair para jantar fora, o consumidor hoje faz as contas e percebe que três ou quatro desses jantares correspondem ao preço de um televisor", diz ele. ``A minha impressão é que acabou a `farra': eles terão de reduzir margem de lucro e adequar os preços à nova realidade", afirma. Cortar preços Dados da Abredi (Associação de Bares e Restaurantes Diferenciados) mostram que a alta de preços no setor foi de 15% a 20% acima da inflação desde o Real. Percival Maricato, presidente da entidade, concorda que os bares e restaurantes têm de se adaptar à inflação mais baixa e à concorrência mais acirrada. A saída, segundo ele, é aprender a enxugar custos. Com isso, o setor espera conseguir um corte de preços da ordem de 20% a 30%. ``Depois do Real, o movimento dos bares e restaurantes cresceu 20%. Esse aumento já foi anulado com a queda que vem ocorrendo desde maio", diz Maricato. Roque de Queiroz, vice-presidente da Associação dos Profissionais de Institutos de Beleza do Estado de São Paulo, diz que o movimento nos cabeleireiros caiu 40% desde o início do ano. ``Quem ia ao salão toda semana vai hoje uma vez por mês", diz Queiroz, admitindo que o setor exagerou nos preços. LEIA MAIS sobre serviços na pág. 2-5 Próximo Texto: Tensão superada; Numerário extra; Só susto; Fazendo a ponte; Maior fôlego; Precaução mineira; Reação paulista; Valores em jogo; Quem é quem; Ferindo brios; Banco híbrido Índice |
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