São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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Poluição e transportes

PETER L. ALOUCHE

O custo do congestionamento de tráfego nas grandes cidades, principalmente nas horas de pico, é cada vez mais elevado. Na Europa, é estimado em 2% do PIB.
Enquanto os donos de carros são submetidos a acidentes, muitas vezes fatais, as pessoas sem automóvel particular são isoladas das áreas de serviços e empregos. Nos países em desenvolvimento, esses problemas são agravados.
A poluição atmosférica está presente em quase todas as zonas, com a emissão de gases provocando problemas de saúde na população. O ruído atinge níveis insuportáveis, que reduzem a capacidade auditiva das pessoas. São Paulo e Rio, por exemplo, sofrem muito com essa situação.
As consequências nefastas do tráfego intenso não se limitam apenas às populações locais. Os poluentes em suspensão e as chuvas ácidas ultrapassam os limites das zonas urbanas e destroem o meio ambiente. O dióxido de carbono que exala da combustão dos carburantes fósseis tem consequências mais dramáticas, pois contribui para o aquecimento do planeta pelo conhecido ``efeito estufa".
O aumento crescente de consumo energético para o transporte tem também importantes implicações econômicas e ecológicas. A demanda de petróleo esgota progressivamente as reservas mundiais atualmente disponíveis.
Só uma rede estruturada de transporte público que atenda as zonas urbanizadas das grandes cidades poderia diminuir o fluxo crescente de automóveis. É necessário, porém, que esse transporte tenha uma qualidade de serviço adequada, isto é, regularidade, confiabilidade, segurança e limpeza comparáveis, por exemplo, ao metrô de São Paulo.
É preciso que essa rede de transporte, também à semelhança do nosso metrô, utilize na sua tração, nos corredores principais, o único combustível absolutamente limpo e ecológico: a energia elétrica.
Isso explica por que, a partir dos anos 80, o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) teve no mundo todo grande desenvolvimento. Além de sua adoção em escala crescente na Europa, inúmeras cidades dos EUA, Canadá, México, Austrália e até da África, como Túnis e Cairo, e da Ásia, como Jacarta e Istambul, adotaram o VLT como principal modo de transporte público.
Além de se constituir num sistema viável e rentável, o VLT é muito aceito pelos arquitetos porque a sua construção provoca um importante processo de renovação urbana.
A defesa do meio ambiente é e será cada vez mais, nesse final de século, o fator determinante da vida das grandes cidades. Exigirá, portanto, um transporte público adequado, digno e ecológico.

PETER LUDWIG ALOUCHE, 49, engenheiro, é assessor técnico da Companhia do Metrô de São Paulo e professor da Faculdade de Engenharia Mackenzie.

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