São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Computador do futuro vai para cama com dono

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O computador do futuro vai ser leve e fácil de manusear como um livro, ou invisivelmente misturado aos eletrodomésticos.
Essa é mais uma das profecias de Nicholas Negroponte, diretor do Media Lab do MIT (Massachussetts Institute of Technology).
Autor de "A Vida Digital" (Companhia das Letras), Negroponte dá hoje em São Paulo um seminário para 200 executivos, patrocinado pela HSM e pela Interchange. Recebeu US$ 45 mil para falar no Brasil.
Depois segue para o Rio e para Porto Alegre, onde dará mais palestras. Volta ao Brasil em março de 96, quando dará um seminário.

Folha - Como será o computador daqui a cinco anos?
Nicholas Negroponte - Há dois caminhos. Por um lado, os computadores vão se tornar menores, mais "amigáveis". Você vai poder levar o seu computador para a cama. Outro caminho é a evolução dos computadores que estarão no seu carro, na maçaneta de sua porta, que serão invisíveis, mas conferirão personalidade aos objetos que nos cercam, que serão capazes de desempenhar várias tarefas que tornam a vida mais simples.
Folha - No Brasil há muitos televisores (cerca de 32 milhões), poucos telefones (13 milhões) e poucos PCs (1,7 milhão). Como o sr. acha que esse tipo de audiência usará as redes de computador?
Negroponte - É uma combinação pouco usual, especialmente pela grande quantidade de TVs. Talvez fosse um caso onde o modelo da set-top box funcionasse, aproveitando os televisores.
Folha - O sr. viaja muito para dar palestras, não é mesmo?
Negroponte - Não só para dar palestras. Também por causa do Media Lab. E fico muito tempo na Europa, principalmente na Suíça, onde morei na juventude, e na Grécia, para onde vou todo ano.
Folha - Então o sr. diria que estar conectado à rede não diminui a necessidade de viagens?
Negroponte - Na verdade, minha mobilidade aumentou. Não preciso estar fisicamente no local de trabalho, portanto, posso até viajar mais. Chefes de Estado e magnatas podem fazer coisas parecidas, com vários assistentes e fax, mas eu faço tudo sozinho.
Folha - O sr. não acha que a Internet é um fenômeno mais cultural que tecnológico?
Negroponte - Sem dúvida, a Internet é uma questão de espírito. Mas acho que povos que têm um individualismo marcado e um espírito empreendedor conseguem mais resultados. Isso não é privilégio dos norte-americanos. Os japoneses, por exemplo, têm sido lentos nessa área. Já a Itália vai muito bem. Não posso dizer muito sobre o Brasil. Cheguei ontem à noite. Estive aqui há 30 anos.
Folha - Como o sr. está vendo essas emendas que estão sendo votadas no Congresso norte-americano para censurar material obsceno na Internet?
Negroponte - É um erro querer legislar sobre isso. A Internet é internacional, sua estrutura não admite censura. Podem ser utilizados programas que bloqueiam determinado tipo de material.

Texto Anterior: Aumento de capital é aprovado
Próximo Texto: <UN->Empresas quebram no México<UN>
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.