São Paulo, terça-feira, 8 de agosto de 1995
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A ira dos campeões

JUCA KFOURI

A festa corintiana foi mais contida do que se possa imaginar. Pelo menos a da direção corintiana.
Enquanto a massa extravasava na avenida Paulista -corredor de ônibus também lá, não, caro prefeito-, o clima na boate Limelight era de alegria e de revolta.
Revolta contra a Federação Paulista de Futebol.
Do presidente Alberto Dualib aos que comandam o futebol alvinegro a palavra da ordem era uma só.
Se Eduardo Farah permanecer à frente do futebol de São Paulo - ou por trás, como é mais de seu feitio-, o Corinthians campeão irá para a oposição.
``Se perdêssemos outra vez por manobras da Federação e fôssemos para a oposição, todos diriam que era choro de perdedor. Como campeões teremos muito mais força moral", desabafava um ainda inconformado José Mansur Farhat, o vice-presidente de futebol, que, aliás, se queixa dos que não atentam para as diferenças que existem nos dois sobrenomes.
Empresário bem-sucedido na indústria do vidro, Farhat diz que seu telhado é transparente, mas não é frágil, e seus amigos atribuem a ele a promessa de aniquilar Farah.
``Gasto até meu último tostão, mas acabo com ele", disse a um desses amigos.
Certo de que, se o Corinthians não chiasse, a FPF não traria um árbitro de fora, o campeão dos campeões já decidiu seus próximos passos.
Cientes de que uma batalha ainda mais dura se afigura na disputa do Campeonato Brasileiro -que todos vêem preparado para o Flamengo-, os dirigentes corintianos parecem fortalecidos para comprar qualquer briga.
E só pensam na Libertadores para chegar ao título mundial e dar ao clube a dimensão internacional que falta.
``Queremos ganhar também o Campeonato Brasileiro porque, apesar de já estarmos na Libertadores, o Corinthians pode ganhar tudo que disputa, principalmente quando não tem outras competições paralelas", garante Farhat.
``Mas, no ano que vem, vamos privilegiar a Libertadores, sem vacilar entre ela e o Campeonato Paulista", complementa Dualib.
Os dois, que no gol de Nílson chegaram a confabular sobre a hipótese de tomar o comprimido de Lexotan que traziam no bolso, idéia abandonada diante da convicção, que juram ter mantido, de que à noite teriam de beber champanhe (calmantes e álcool, como se sabe, são incompatíveis), sonham alto.
E querem decência. Já era tempo.

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