São Paulo, quarta-feira, 9 de agosto de 1995
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Escavações; Desaparecidos; O outro lado; Esperança; Sinceridade palmeirense; Saudades de antigamente; Cantor eterno; Retorno; Respeito histórico

Escavações
``Walter Neves em 8/5 publicou carta insistindo em ataques à minha capacidade profissional. Envio alguns trechos da resposta que dirigimos, A. M. Pessis e eu, através da revista `Antiquity', à Meltzer, Adovasio e Dillehay. `A falsa afirmação da pág. 702 é uma prova evidente da falta de informação dos autores: `excavations were rather limited outside the drip-line'. Parenti fez escavações fora da drip-line. Guidon dirigiu escavações em uma longa trincheira fora do abrigo. As extremidades oeste e leste do abrigo, fora da drip-line, foram escavadas. Mas essas trincheiras externas foram preenchidas em seguida, como exige a legislação brasileira. Os autores não as viram, não perguntaram nada e afirmaram em um artigo, publicado em uma revista séria, inverdades que podem ser facilmente comprovadas pois, antes de preencher novamente essas trincheiras, colocamos folhas de plástico para separar a parte não escavada do preenchimento. Uma das mais levianas afirmações dos autores (pág. 705) se relaciona com sua `cursory examination of the excavation backdirt piles that occur in the brush beyond the shelter drip-line'. Todas as suas conclusões são falsas porque: as backdirt piles estão em um local onde havia uma ravina profunda; aí, durante 17 anos foram sendo acumulados não somente a `matrix' das escavações, como também o material proveniente das limpezas dos desmoronamentos de cortes que se verificavam durante os meses em que não escavávamos, dos trabalhos de abertura das valetas para instalação de canalizações, da limpeza dos cortes para construção das paredes de contenção e da instalação de passarelas e os restos dos materiais trazidos para os trabalhos de construção, que incluía brita, isto é, pedra lascada (e na área do Parque Nacional, até hoje toda a pedra britada usada nas construções é feita à mão!), para fabricar o concreto armado das colunas. Nesse mesmo local, até hoje, joga-se o material retirado do fundo do sítio quando se realizam as limpezas periódicas do mesmo e seus arredores; ninguém viu os três autores com ferramentas na mão escavando os backdirt piles. Eles tomavam seus exemplos da superfície, o que significa que, com uma forte probabilidade, tomaram como exemplo as peças lascadas pelos fabricantes de brita da cidade de São Raimundo Nonato! Os autores afirmam `excavation methods appear to have largely employed shovels and pick mattocks rather than trowels and smaller tools' (pág. 710), o que é a mais falsa das afirmações que já vimos em toda nossa vida profissional. Toda a escavação foi feita com ferramentas finas e pincéis; utilizamos pás e picaretas para retirar a parte oeste do sítio desde que reconhecemos que a mesma havia sido passagem de água pluvial. Utilizamos instrumentos pesados para abrir as trincheiras fora do sítio, utilizadas para as canalizações e para aprumar as paredes para a construção dos muros de contenção. Nunca para escavar as áreas utilizadas pelo homem pré-histórico. A partir de 1982 essas escavações serviram como terreno de prática para nossos alunos e nenhum professor, no Brasil, iria ensinar a escavar com pás e picaretas.' A resposta que mandamos não deixou sem contestação nenhuma das leviandades avançadas pelos americanos que, não entendo porque, têm o apoio integral de W. Neves, que nem é arqueólogo."
Niède Guidon (São Raimundo Nonato, PI)

Desaparecidos
``O espaço que a Folha tem aberto aos desaparecidos no Brasil reafirma o compromisso com a questão decisiva dos direitos humanos."
Monica S. Hummel e Carlos A. Idoeta, diretores da seção brasileira da Anistia Internacional (São Paulo, SP)

O outro lado
``Muito nobre, e justo, o projeto da seção paulista da OAB visando obrigar a União a indenizar os familiares dos ativistas políticos de oposição mortos durante o regime militar, desaparecidos ou não. É importante, porém, lembrar que houve mortes também do lado daqueles que obedeciam ao governo. Se o Estado reconhece a sua responsabilidade em relação às mortes ocorridas durante o regime militar, esta deverá se estender a ambos os lados, sem que se deixe cair no esquecimento aqueles que pereceram acreditando sinceramente estar servindo ao seu país."
João Manuel F. S. Carvalho Maio (São José dos Campos, SP)

Esperança
``As declarações do presidente da Aliança Mundial Batista, Nilson Fanini (Folha, 5/8), aumentaram as esperanças dos membros da Ação Cristã Homossexual do Brasil de que antes da virada do milênio não só o papa católico, como também todos os demais `papas', hão de pedir desculpas aos homossexuais pela falta de caridade."
Luiz Mott, presidente da Ação Cristã Homossexual do Brasil (Salvador, BA)

Sinceridade palmeirense
``Sou fã do Macaco Simão e civilizado (torcedor do Palmeiras). Tenho que reconhecer que essa de `Parmalat mas não morde' doeu, mas achei genial. José Simão, você é o melhor dos nossos ancestrais."
Geraldo Batista de Araújo (Natal, RN)

Saudades de antigamente
``Eu e alguns colegas de empresa estávamos tomando cerveja em um restaurante e notamos que o produto não tinha a mesma coloração de antigamente. Tivemos a preocupação de checar a data de fabricação. Havia sido engarrafada apenas 30 dias antes. Solicitamos então todas as marcas disponíveis na casa. Infelizmente tinham a mesma aparência e sabor. Chegamos à conclusão de que o povão está bebendo água levemente amarelada."
Humberto Pozzato (Campinas, SP)

Cantor eterno
``Discordo de Jorge Aguiar quando diz que o `Cantor das Multidões' teve seu declínio por volta de 1943. Cantores como Orlando Silva estão sempre vivos em nossas memórias e nossos corações."
Jairo Sguassábia (Lindóia, SP)

Retorno
``O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, José Milton, deve ter chegado à seguinte conclusão: Tem hora de `dallari' e hora de `receberi'."
Curt Nees (Joinville, SC)

Respeito histórico
``Trabalhei no Museu Paulista da Universidade de São Paulo de 1972 a 1977 com o seu diretor, o geógrafo Antonio da Rocha Penteado, e lamento hoje que tenham feito um desfile de modas aproveitando a sua arquitetura, que merece mais respeito histórico."
Bernardo Castelo Branco (São Paulo, SP)

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