São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Conselho confirma cassação de médico que participou de tortura

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O general e médico Ricardo Agnese Fayad foi considerado culpado por unanimidade ontem pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) por crime de participação em tortura entre 1968 e 1973.
Ele foi condenado à perda de seu registro médico e impossibilitado de exercer sua atividade na sociedade civil.
Porém, como militar, pode continuar atendendo seus pacientes nas dependências do Exército.
Em maio de 1994, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro) já o havia condenado com a perda do registro profissional. O resultado de ontem foi o recurso da sentença.
Fayad ainda pode recorrer à Justiça comum e obter uma liminar que anule a cassação do registro.
O general estava ausente durante seu julgamento. O vice-presidente do CFM, Sérgio Ibiapina, disse ignorar seu paradeiro.
Oito testemunhas, todas vítimas de tortura, reconheceram e acusaram o general.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Luiz Roberto Tenório, seu colega de faculdade, foi um dos que depuseram.
Segundo contou, em março de 72, época em que atendia feridos na luta armada e fazia plásticas em militantes para que eles não fossem reconhecidos, Fayad recusou-se a atendê-lo na prisão.
Tenório afirma que teve um tímpano perfurado durante sessão de tortura.
"Ele (Fayad) veio me examinar. Quando vi uma cara conhecida, fiquei aliviado, mas ele disse que não era nada grave e que eu podia continuar a ser torturado", disse.
A decisão do CFM foi considerada ``um fato positivo" pela direção no Brasil da Human Rights Watch/Americas, organização não-governamental de defesa dos direitos humanos.
O diretor da entidade, James Cavallaro, 32, pediu enviou carta ao ao CFM pedindo a cassação.

Texto Anterior: Câmara pede lista de `corruptos' feita por ACM; Congresso aprova verba para missão em Angola; STF manda reabrir processo de diplomatas; José Serra defende criação da CMF; TCE faz homenagem a Miguel Reale em SP; Câmara tenta aprovar recurso para pecúlio
Próximo Texto: Florestan Fernandes morre aos 75 em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.