São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Feldmann aposta nas caronas

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário estadual do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, disse que os cálculos da Folha devem ser relativizados.
``Concordo com quem diz que o sistema de transporte coletivo não é suficiente para atender a uma cidade como São Paulo, mas o rodízio vai estimular as pessoas a usar o transporte solidário", afirmou.
Transporte solidário ocorre quando, além do motorista, o automóvel transporta outras pessoas. Trata-se da organização de grupos de carona.
Em pesquisa sobre o rodízio realizada pelo Datafolha em abril, 4% dos entrevistados apresentaram o item carona como alternativa ao uso do seu automóvel, 12% disseram que andariam a pé e 73% afirmaram que usariam ônibus.
Feldmann disse que, quando a pesquisa foi feita, a idéia era limitar a circulação de 50% dos carros. ``Uma nova pesquisa daria outro resultado."
Com a difusão do transporte solidário, Feldmann acredita que o índice de ocupação dos automóveis pode subir de 1,5 para 3. Isso reduziria pela metade o impacto da demanda adicional de passageiros por causa do rodízio sobre metrô, trens e ônibus.
``Temos que levar em conta que muitas viagens podem ser reprogramadas", disse.
Segundo o secretário, as pessoas que fazem questão de andar de automóvel podem marcar seus compromissos para dias e horários sem rodízio.
A Cetesb, controlada pelo Estado, estabeleceu que o rodízio deve ser observado entre 7h30 e 17h30. ``Estamos dando alternativas", disse Feldmann.
Para Washington Corrêa, diretor da São Paulo Transporte (ex-CMTC), um executivo pode se reprogramar, mas um professor não poderá fazer isso. ``Na hora que precisar, as pessoas vão usar o automóvel."
Não é o que pensa o secretário dos Transportes Metropolitanos, Cláudio de Senna Frederico. Segundo ele, os horários de quem usa ônibus, trem e metrô não coincidem com os de quem anda de carro.
Assim, o sistema teria capacidade de absorver novos passageiros, porque a demanda ocorrerá fora dos horários de maior movimento.
``No metrô, o horário de pico da manhã é às 6h30. Pouca gente anda de carro às 6h30", disse Frederico.
Ele afirmou que a necessidade de investimento em transporte coletivo é óbvia. ``O mérito da proposta do Fábio (Feldmann) é trazer essa discussão para a sociedade."

Texto Anterior: 850 mil podem ficar sem transporte
Próximo Texto: Correio perde pacote de comerciante
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.