São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 1995
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Florestan Fernandes; Sertãozinho; Dallari; Solidariedade; Comboio na Anchieta; Planejamento familiar; Mistificação

Florestan Fernandes
``Com a morte do professor Florestan Fernandes, cujo nome há muito é um elogio à reflexão sociológica, fica em nossa memória um referencial de absoluta integridade pessoal e intelectual. Lembro-me de episódio paradigmático, de princípios de 1966, revelador de seu caráter: primeiranista de ciências sociais na USP, eu vagava pelos corredores do prédio da Maria Antonia, reconhecendo os espaços onde viveria por alguns anos, até chegar a uma salinha onde, sozinho, Florestan escrevia um artigo. Ao me ver na porta, cumprimentou-me e disse para eu entrar. Durante mais de uma hora, como autêntico mestre, dissipou meus temores e dúvidas sobre o curso que iniciava e sobre o papel de um sociólogo, como intelectual e cidadão, em nossa sociedade, desde sempre tão necessitada de transformações. E deu essa `aula particular' sem nenhuma pompa, mas com o carinho do sábio. Não é por acaso que Florestan Fernandes tem de ser visto como o maior forjador de sociólogos de nossa história."
Antonio Gonçalves, diretor da Alas -Associación Latino-Americana de Sociologia (São Paulo, SP)

``Despertamos empobrecidos. Não poderemos ler toda semana a inspirada coluna do professor Florestan Fernandes na Folha, que todos esses anos abriu suas páginas ao maior de nossos sociólogos. E ficamos nós com aquela sensação, agora irreparável, de não termos nós, seus leitores e amigos, retribuído à altura sua gentileza e solidariedade."
Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

``Se Deus existisse premiaria certas pessoas com a imortalidade. São personalidades que, tornadas imortais, mudariam a história da humanidade com seus exemplos de vida. Florestan Fernandes era uma delas. Florestan não podia morrer."
Oswaldo Catan (São Paulo, SP)

``Quando perdemos um amigo, mestre e companheiro, sentimos uma enorme saudade. Ao mesmo tempo cresce a responsabilidade de seguir naquilo que sonhamos juntos, de construir uma sociedade mais justa e fraterna onde homens e mulheres sejam livres."
Muna Zeyn (São Paulo, SP)

``De origem humilde, batalhador, sociólogo e político, Florestan se foi. Mas jamais esqueceremos sua vontade constante de mudar o mundo, seu exemplo."
Sérgio José Custódio, coordenador do Diretório Central dos Estudantes da Unicamp (Campinas, SP)

Sertãozinho
``Texto de Matinas Suzuki Jr. publicado em 1/8 (pág. 4-2), com o título `Olhaí, o Sertãozinho está em toda parte!': `Algo me diz que foi um pé corintiano que empurrou a bola para dentro no belo gol atribuído ao canavieiro Nilson. E o sertãozinho está em toda parte'. O título e o texto sugerem uma interpretação um tanto ambígua. Quem é que está em toda parte? O sertanezino Nilson? E que sertãozinho é esse? Apenas para conhecimento do sr. Matinas, no esporte a cidade é conhecida internacionalmente através do Sertãozinho Hóquei Clube, com vários títulos conquistados, no Brasil e no mundo. Cultiva e industrializa a cana-de-açúcar para fabricação de açúcar e álcool, uma vez que está cercada de oito usinas e destilarias. Está entre as primeiras cidades de maior arrecadação em ICMS do país, dado que, por si só, muito nos orgulha. Nossa Sertãozinho até que merecia um destaque melhorzinho."
Rosilda Pires Ribeiro (Sertãozinho, SP)

Dallari
``Hipócrita e autoritária a postura dos que acusam o secretário Dallari. O que eles querem é manter a função pública hermética, burocrática e reservada unicamente a funcionários públicos. Se isso ocorrer não teremos nem garantia de mais honestidade e, o que é pior, nem oxigenação do aparelho público, esclerosado e sem nenhuma experiência de trato com as forças de mercado. É uma outra tática sub-reptícia para impedir o Brasil de se modernizar."
José Eduardo Bandeira de Mello (São Paulo, SP)

Solidariedade
``A bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara Municipal de São Paulo manifesta sua irrestrita solidariedade ao vereador Odilon Guedes, vítima de diversos ataques pessoais formulados pelo governo Paulo Maluf, através de seu porta-voz Adilson Laranjeira, e publicados pela Folha inclusive no `Painel do Leitor' de 8/8. Se o Executivo comandado por Maluf não consegue debater com o Poder Legislativo paulistano os grandes problemas urbanos, que não se rebaixe à prática da tentativa de desqualificação pessoal de seus oponentes."
José Mentor, líder da bancada do PT (São Paulo, SP)

Comboio na Anchieta
``Há seis anos viajo diariamente pelas estradas Anchieta e Imigrantes. Tenho visto e sabido de alguns engarrafamentos horripilantes, como o acidente de 8/8. Na maioria das vezes a causa desses acidentes é a soma da imprudência de alguns motoristas com a neblina. Todos sabemos disso -inclusive a Dersa e demais autoridades competentes. Como usuária da estrada, pagante do pedágio e ser humano, pergunto: Por que não se utiliza o sistema `comboio'? Se comboio provoca congestionamento, os acidentes também provocam e, pior, criam perdas. Principalmente de vidas."
Emília Sitta (Santos, SP)

Planejamento familiar
```Criança Esperança' é, sem dúvida, uma iniciativa louvável, que tenta salvar as crianças de rua. Contudo, é paliativa. A `Pastoral da Criança' também é um trabalho sério. No entanto, é igualmente paliativa. O planejamento familiar, sim, é a única medida eficaz para sanar esse quadro contristador. Há uma religião, dita universal, que sempre se constituiu em entrave à consecução dessa única medida saneadora, proibindo todos os métodos anticoncepcionais concebidos pelo homem. Felizmente essa religião, filha da `Idade das Trevas', está perdendo terreno para outras, mais humanas e esclarecidas. Deus certamente não se compraz ante esse quadro contristador -crianças desamparadas e indefesas."
Antonio Dõnatz Ribeiro da Silva (Curitiba, PR)

Mistificação
``O sr. Carlos Heitor Cony, ao lado de ser o extraordinário intelectual que todos admiramos, é também um mistificador. Mais uma vez, através de sua `fábula' `Sinfonia neoliberal' (Folha, 7/8), ele atribui à doutrina neoliberal funções ou responsabilidades que não lhe dizem respeito. Como se sabe, o neoliberalismo -que não é o governo do `laissez-faire'- pretende um Estado exercendo suas funções indelegáveis, o que inclui, dentre outras, a garantia de direitos e oportunidades básicas, a adoção de políticas sociais compensatórias etc. O que se condena é o Estado exacerbado, defendido pelos esquerdistas, populistas e nacionalistas, esse sim gerador de corrupção, superfaturamentos, corporativismo nefasto, ineficiências, locupletação generalizada e tantos outros vícios. Já a sua fábula da `demissão' dos músicos em nome da redução de custos, produtividade, automatização e `enxugamentos' é algo que reflete uma tendência corrente."
José Assis Simões Utsch (Presidente Prudente, SP)

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