São Paulo, sábado, 12 de agosto de 1995
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Marginal 'anda' a 4 km/h em 2005

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano 2005 será mais rápido andar a pé do que de carro nas marginais Pinheiros e Tietê, principais vias expressas que cortam São Paulo.
Estudo da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) mostra que as marginais terão cerca de 20 horas de congestionamento diários, com velocidades de até 4 km/h. A velocidade média de um homem andando é de 5 km/h.
Segundo o gerente de Operações das Marginais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), Ricardo Teixeira, a velocidade média hoje nas sete horas diárias de congestionamentos das marginais é de 30 km/h.
Ion de Freitas, professor de Tráfego da Escola Politécnica da USP e ex-secretário dos Transportes que atualmente ocupa o cargo de assessor da Presidência da Dersa, fez a projeção do caos nas marginais baseado em seus volumes atuais de tráfego.
Hoje chegam a circular nas marginais até 1 milhão de veículos por dia -a média é de 830 mil veículos/dia. Nos horários de pico, das 7h às 10h e das 16h às 20h, a velocidade em determinados pontos chega a 10 km/h.
O crescimento do tráfego nas metrópoles é de cerca de 5% por ano, o que elevaria o volume de veículos nas marginais a 1,5 milhão nos próximos dez anos (aumento de 50% em 2005).
Segundo Freitas, se a atual capacidade de tráfego das marginais (cinco faixas, em cada um dos sentidos) for mantida, sobram apenas quatro horas não consideradas críticas por dia. Nas 20 horas de congestionamentos, haverá momentos em que os carros não ultrapassarão os 4 km/h.
Para solucionar o problema, a Dersa estuda a implantação de um rodoanel interligando as dez grandes estradas que desembocam em São Paulo: Anchieta, Imigrantes, Régis Bittencourt, Castelo Branco, Anhanguera, Bandeirantes, Ayrton Senna (antiga Trabalhadores), Dutra, Raposo Tavares e Fernão Dias.
Essas estradas são responsáveis pelo despejo de cerca de 400 mil veículos por dia nas marginais. Esses veículos, a maioria caminhões, utilizam as marginais para sair de uma rodovia e entrar em outra. A idéia do rodoanel é desviar esse tráfego que invade o centro da cidade para as estradas.
O rodoanel terá 175 km de extensão. Ele deverá ser construído em três módulos.
O primeiro trecho, de 73 km, vai ligar o sistema Anchieta/Imigrantes à Bandeirantes. O segundo trecho, de 52 km, unirá a Anchieta à Dutra e o terceiro, com 50 km, ligará a Dutra à Bandeirantes, completando o círculo.
Segundo o presidente da Dersa, Stanislav Feriancic, o custo total do projeto está orçado em R$ 2 bilhões e o do primeiro trecho, em 700 milhões. Ainda não há previsão para o início da obra.
O primeiro trecho da obra contará com a participação da iniciativa privada.
O governo do Estado já desapropriou uma área de 17,5 milhões de km² entre a capital e a cidade de Taboão da Serra (Grande São Paulo). Nessa área, passará o primeiro trecho do rodoanel. O governo já concluiu o primeiro estudo de impacto ambiental de parte do projeto.

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