São Paulo, domingo, 13 de agosto de 1995
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Usina e cafezal fracassaram

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Dois projetos de colonização anunciados pelo presidente Médici em 1971 como ``exemplares" não deram certo.
O mais importante era o Projeto Agroindustrial Canavieiro Abraham Lincoln (Pacal), em Altamira (PA). Estava previsto a instalação de uma usina de açúcar no meio da floresta amazônica.
O Pacal fazia parte do programa Brasil Novo, a primeira agrovila criada na Amazônia para receber as famílias de assentados que viriam do Sul. A usina nunca operou regularmente.
O projeto pertencia à cooperativa Cotrijuí, de Ijuí (RS), que recebeu 40 mil hectares do Incra (equivalente à baia de Guanabara).
A instituição se desfez do negócio dois anos mais tarde ao ter problemas com os índios da região e retirou da área seus funcionários.
O projeto Pacal não existe mais. A empresa tem novo nome e pertence ao Incra. Chama-se Usina Henrique Dantas e opera com 40% da capacidade prevista.
Outro fracasso foi o do plantio de 200 mil pés de café no município de Boca do Acre (AM). O cafezal foi abandonado pelos agricultores depois que começaram a ter conflitos com os índios apurinã e jamamadi.
O responsável pela Emater em Boca do Acre, Nei Freitas Assis, 42, disse que as terras foram retomadas pela Funai e o cafezal foi engolido pela floresta.
O Incra distribuiu novas áreas, mas os colonos preferiram criar gado. Hoje, a cidade tem o maior rebanho de bovinos do Estado.
Segundo Assis, são 108 mil cabeças de nelore. ``Os assentamentos estão sendo retomados. O Incra vai distribuir mais de 1.300 áreas com 80 hectares em média. Mas agora só receberá terra quem for da região", disse.

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