São Paulo, segunda-feira, 14 de agosto de 1995 |
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Historiador influenciou visão política
DANIEL PIZA
``Ambos tinham uma visão muito amarga e crítica de Portugal. Desconfiavam muito da modernização por que o país passava no final do século passado", diz. Franchetti diz que Eça simpatizava com o que Oliveira Martins pretendia fazer quando foi ministro da Economia de Portugal (1891-1892). ``Ele queria ser um déspota esclarecido" -um estadista com poder absoluto que fizesse uma reforma de cima na educação e nas condições sociais. Eça simpatizava com isso. Elogiou o livro mais famoso de Martins, ``História de Portugal", em que o autor diz que ``Portugal se tornara um cadáver esfacelando ao longo do tempo, desde a época dos descobrimentos" (século 16). Segundo o estudioso, a influência de Martins se faz presente em algumas obras importantes de Eça: ``A Cidade e as Serras" e ``A Ilustre Casa de Ramires". Uma visão mais ``passadista" de Portugal, presente nesses dois romances, teria sido inspirada pela figura e pensamento de Martins. Eça, por sua vez, teria influenciado o método historiográfico de Martins, que dava a seus livros um tratamento de romance realista, como os de Eça. Mas Franchetti também aponta diferença fundamental entre ambos: Martins confiava na ação reformista, no engajamento; Eça tinha profunda descrença política. ``Isso é marcante no livro todo", diz. ``Eça estava sempre pondo em dúvida a possibilidade de que as boas intenções de Martins dessem certo na prática." (DP) Livro: Correspondência Autores: Eça de Queiroz e Oliveira Martins Lançamento: dia 17 Páginas: 224 Preço: indefinido Texto Anterior: <UN->Livros homenageiam Eça de Queiroz<UN> Próximo Texto: Coleção reconta história da bossa-nova Índice |
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