São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Governo gaúcho rejeita os anabolizantes

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A pecuária do Rio Grande do Sul é contra o uso de anabolizantes no rebanho bovino.
A liberação dos anabolizantes, drogas que promovem o aumento do peso do gado (veja quadro ao lado), está sendo avaliada pelo Ministério da Agricultura.
O uso de anabolizantes está proibido no país desde maio de 91 por uma portaria assinada pelo então ministro da Agricultura Antônio Cabrera.
A pecuária gaúcha se opõe ao uso de anabolizantes porque pretende aumentar sua exportação de carne para a União Européia. Os países da Europa não compram carne com anabolizante.
No ano passado, a pecuária gaúcha vendeu 12 mil toneladas de carne bovina para países europeus, faturando US$ 31,3 milhões.
Os gaúchos estão prestes a melhorar o rendimento de suas exportações de carne devido à campanha de combate à febre aftosa.
Há 20 meses não há registros desta doença no rebanho bovino do Rio Grande do Sul.
O último foco foi registrado em dezembro de 93, segundo o diretor do Departamento de Produção Animal da Secretaria da Agricultura, Edson Nunes.
Se não houver nenhum caso até dezembro próximo, o gado será vacinado em 96 e não precisará de vacina a partir de 97. A doença será considerada erradicada no Estado.
Nunes disse que o Uruguai, antes de erradicar a febre aftosa, vendia carne à Europa por US$ 2.000 a tonelada.
Depois de eliminar a doença do rebanho, passou a vender a tonelada por US$ 8.000.
Segundo Nunes, o secretário estadual da Agricultura, Cézar Schirmer, enviou correspondência ao Ministério da Agricultura, manifestando sua preocupação em relação à idéia de liberar os anabolizantes.
``Além do interesse econômico, ligado à exportação de carne, há o interesse social, pois as pessoas querem saber o que estão comendo", disse Nunes, que é veterinário. ``Muitos acham que os anabolizantes causam problemas e nada prova o contrário", declarou.
Na opinião do diretor do Departamento de Produção Animal, há outras etapas a queimar antes da liberação do uso de anabolizantes, como melhorar a sanidade, manejo e alimentação do gado.
A iminente erradicação da febre aftosa no Estado resulta de um trabalho iniciado há 31 anos, que já consumiu muitos recursos oficiais.
``Agora estamos em uma posição privilegiada", disse Nunes. Segundo ele, mais de 12 milhões de cabeças estão vacinadas contra a febre aftosa, o que significa entre 95% e 98% do rebanho.
Essa marca, junto com a proibição dos anabolizantes, é uma arma para a comercialização da carne gaúcha no exterior.
O governador Antônio Britto (PMDB) sancionou, na semana passada, o projeto que cria o programa ``Carne de Qualidade".
A medida estimula o abate de novilhos com até dois anos, por meio de uma redução na cobrança de alíquota do ICMS.
O produtor que abater o gado com até dois anos de idade terá alíquota de 0,5%.
Quem abater com até três anos pagará 1%. Com mais de três anos, a alíquota será de 3%.
Cerca de 60% do rebanho gaúcho está com mais de quatro anos, o que significa prejuízo para criador e consumidor, no entendimento da Secretaria da Agricultura.

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