São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995 |
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O imperador da Bahia
NELSON DE SÁ
O senador nem foi citado no Jornal Nacional e só apareceu de costas no Jornal da Globo, sem direito a palavra. Ontem foi diferente. No Bom Dia Brasil, pelo menos, mas não no Jornal Nacional, ACM surgiu em longa entrevista em sua própria casa na Bahia, para onde a Globo mandou equipe, atrás do senador. Pergunta e resposta: - Senador, o senhor vai procurar o presidente? - Olha, não vou procurar o presidente Fernando Henrique. Quem me deve satisfações, e à Bahia, eu diria até ao Brasil, é o próprio presidente Fernando Henrique. O presidente deve me dar uma satisfação. Era o imperador da Bahia, em momento de vaidade. Apelou ao populismo: - Abro mão do depósito. Dou para o Banco Central o pouco (pausa) ou o muito que eu tenho. Perco tudo, mas eu quero que os baianos recebam o que têm direito. Ameaçou abertamente: - É justo que o Senado e a Câmara queiram saber, através de CPI ou coisa semelhante, como estão os balanços. Nós vamos saber a situação dos bancos brasileiros. Fez acusações: - O Brasil está entregue a esses burocratas insensíveis, que dominam a economia e são altamente ligados a interesses inconfessáveis. Mais tarde, acrescentaria acusações de vazamento a clientes das consultorias de membros de governo. No auge da retórica, de volta à Globo, o senador acabou por admitir que ele, ACM, ficou sabendo da intervenção. - Eu tenho depósitos no banco, sabia da intervenção e não retirei para não dar ousadia a esses malandros de dizerem que eu, sabendo, retirei. Nem contou a ninguém. Saques Não demorou e Fernando Henrique mandou sua equipe estudar formas para ceder. Manchete na Globo: - Começa o estudo para elevar o limite de saque. É o FHC tão conhecido. Texto Anterior: Famílias pedem ajuda federal Próximo Texto: Raia diz que equipe é responsável por erro Índice |
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