São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Novo partido quer dividir poder com PFL e PMDB

LUCIO VAZ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com data de criação marcada para o dia 14 de setembro, o partido que surgirá da fusão do PPR com o PP pensa em ocupar o mesmo número de ministérios hoje ocupados pelo PMDB e PFL, os maiores partidos do Congresso.
O deputado Beto Mansur (PPR-SP) relata a expectativa da nova legenda: “Não estamos pedindo cargos. Mas é natural que, se o partido faz parte da base e tem o mesmo número de parlamentares e o mesmo peso político do PMDB e do PFL, tem que participar do governo de forma igual”, declarou.
Mansur afirmou que o novo partido não está escolhendo ministério, mas que tem quadros disponíveis. “O dono dos cargos, dos ministérios, é o Fernando Henrique. É ele quem escolhe. Mas nós temos muita gente competente, que já foi governo”, disse.
O deputado afirmou, porém, que mais importante para o novo partido será o peso que terá nas decisões do governo federal. “Com uma bancada grande, poderemos influir nas políticas e na conduta do governo”.
Segundo vice-presidente da Câmara, Mansur articula a fusão PPR-PP desde o início desta legislatura. Ele vai propor agora aos líderes dos dois partidos a criação de um bloco parlamentar, para influir mais nas decisões da Casa.
O novo partido deverá nascer com a segunda ou terceira bancada na Câmara. Com a adesão integral do PTB, o novo partido seria a maior bancada, com 113 deputados. Mas os trabalhistas ficarão fora da primeira fase da fusão.
Metade da bancada do PTB não aceita perder a sigla histórica. Os líderes do novo partido apostam que entre 11 e 16 trabalhistas devem aderir ao novo partido junto com o ministro José Eduardo de Andrade Vieira (Agricultura).
Com a adesão dos 16 deputados, o novo partido já seria a segunda bancada. Mas a cúpula do PTB trabalha para manter a bancada unida, dentro ou fora do novo partido. O PMDB tem 103 deputados e o PFL em 94. O PPR tem 46 deputados, o PP tem 35 e o PT tem 30.
Os diretórios nacionais do PPR e do PP, separadamente, realizam convenção nacional em Brasília, na manhã do dia 14. À tarde, no auditório Petrônio Portela, uma convenção conjunta formalizará a fusão dos dois partidos.
Os dois partidos têm pressa porque a fusão precisa estar formalizada até o dia 2 de outubro, afirmou ontem o presidente nacional do PPR, senador Esperidião Amim (SC). Se isso não ocorrer, o novo partido não poderá participar das eleições municipais de 1996.
Até 2 de outubro, os líderes do partido tentarão também a adesão do PL e do PSD. Mansur avalia que a adesão do PL é mais difícil, mas vê boas chances em relação ao PSD. “Temos um bom entendimento com o líder Marquinho Cheddid (PSD-SP)”, diz Mansur.
O PTB pode ser incorporado ao novo partido após a fusão marcada para o dia 14 de setembro. Se isso ocorrer antes de 2 de outubro, os atuais candidatos a prefeito pelo PTB já poderão concorrer pela nova sigla.
A resistência ao ingresso no novo partido ocorre principalmente no ABC paulista, onde o partido controla cinco prefeituras, segundo o líder da bancada na Câmara, Nelson Trad (MS).

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