São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Inadimplência ameaça importador de carro

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os importadores de veículos que representam as marcas sem fábricas no país não têm dinheiro em caixa para pagar o II (Imposto de Importação) sobre 40 mil carros estacionados nos portos. A alíquota é de 70%.
A afirmação é de Emílio Julianelli, presidente da Abeiva (associação dos importadores de veículos), entidade que reúne 32 marcas.
Julianelli conta que a maioria dos filiados à Abeiva está com dificuldade para ``honrar seus compromissos", porque as concessionárias suspenderam os pedidos.
``As vendas despencaram", diz Julianelli. Em março, os associados da Abeiva venderam 24 mil carros. Em julho, esse total não chegou a 6.000.
Os importadores têm prazo de 90 dias para pagar o Imposto de Importação, a partir da data de chegada do veículo ao país.
Se o tributo não é pago, os carros ficam sujeitos à apreensão pela Receita Federal e podem ser levados a leilão. Nesse caso o importador perde o veículo.
Segundo a Abeiva, cerca de 15 mil carros correm esse risco já no final deste mês. A entidade tenta junto ao governo ampliar o prazo para 180 dias.
Julianelli diz que se essa medida não for tomada, o prejuízo pode acabar na mão dos bancos, que emprestaram dinheiro ou são fiadores do importador.
Segundo estimativa dos importadores, os 40 mil veículos representam uma dívida total junto aos bancos (somados o valor dos veículos e os impostos devidos) de cerca de US$ 800 milhões.
Marco Antonio Bologna, vice-presidente comercial do Banco Itamarati, diz que as dívidas dos importadores estão ``pulverizadas" em dez ou 12 bancos.
Bologna afirma que o Itamarati tem cerca de US$ 30 milhões a receber nos próximos 120 dias.
Segundo eles, os bancos estão dispostos a renovar linhas de crédito e ``esticar" prazos para o pagamento de dívidas. ``Banco gosta de receber dinheiro, não automóveis", diz Bologna.

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