São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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E o Banespa, governador?

LUÍS NASSIF

Com um mês a mais para resolver o caso Banespa, não se saberá quem foi mais nocivo: se os governos que permitiram o saque indiscriminado contra o banco ou o governo que há oito meses evita tomar uma decisão sobre seu destino.
O jogo de empurra entre governo do Estado e Banco Central já ultrapassou os limites do razoável. A cada dia, o banco perde posição e vale menos.
O que pretende o governador Mário Covas para deixar milhares de funcionários e suas famílias no desespero, depreciar a cada dia que passa o patrimônio do banco (que é composto por sua imagem, sua clientela e seus depósitos) e desestimular os planos de reestruturação -porque ninguém sabe se fica ou se sai- em um momento em que se acentua a competição no setor bancário?
Esse jogo de desgaste é irresponsável para com o país, o Estado de São Paulo e o Banespa. Onde se pretende chegar? Por acaso, o governador Covas imagina que vencerá o BC pelo cansaço, obrigando-o a aceitar uma fórmula que implique subsídios federais, apenas para manter a influência política do governador sobre o banco?
O que sustenta a resistência do BC é todo um consenso que se formou na opinião pública sobre a necessidade de acabar de vez com subsídios ou com prêmios à incúria estadual -ainda que praticada sob a égide de governos anteriores.
É puro escapismo do governador esconder-se na afirmação de que, ``se o BC não pediu licença para intervir, que privatize o banco sem pedir autorização".
Seu papel não é isentar-se da responsabilidade pela privatização do banco. É envolver-se para obter o melhor resultado financeiro possível para seu Estado. E a garantia do resultado é função direta da rapidez do processo.

Caso carioca
O governador do Estado do Rio, Marcello Alencar, cuja gestão pouco prometia, tomou atitude muito mais responsável em relação ao Banerj. Em vez desse orgulho besta da noiva banguela que faz questão de escolher o noivo, procurou viabilizar a venda e valorizar o máximo possível o patrimônio do Estado.
Definiu que o valor que o Estado irá receber do comprador será aplicado no pagamento das dívidas estaduais junto ao banco. Incluiu acordo que manterá no banco os depósitos estaduais e os programas de fomento. E garantiu para o Estado participação minoritária no capital do banco -que, na medida em que o banco tenha uma gestão profissional, será valorizada.
Não está presenteando eventuais compradores. Está apenas aumentando o valor a ser obtido na venda do banco.

Caso Econômico
A coluna não foi justa ao atribuir a responsabilidade maior da quebra do Econômico aos esforços do senador Antônio Carlos Magalhães para encontrar uma solução baiana para o caso.
Com receio ou não da influência de ACM, o Banco Central não poderia ter deixado a situação do Econômico chegar onde chegou. A avaliação sobre a situação cabia às autoridades bancárias. Deixar a busca de soluções a políticos sem conhecimento de mercado e, na fase final, permitir que o banco frequentasse por semanas as páginas dos jornais sem tomar uma atitude prática resultou no prejuízo de milhares de acionistas minoritários e em risco de perda para milhares de correntistas.

Imposto dos Estados
O governador de Santa Catarina, Paulo Vieira, informa que a arrecadação em seu Estado caiu 12% no último mês, como efeito das medidas restritivas do governo. Vieira defende a unificação dos tributos -ICMS, IPI e ISS- e a arrecadação feita pelos Estados, com posterior repasse à União.
Mas ainda considera que as discussões sobre reforma fiscal têm muito a caminhar.

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