São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Hackers em Hollywood; netnotas

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Hackers em Hollywood
Esses caras estavam pedindo para uma dessas acontecer. A página do filme ``Hackers" (http://www.mgmua.com) na World Wide Web foi totalmente pichado por hackers de verdade. Eles ``rabiscaram" o rosto de um ator, colocaram links (ligações) novos para páginas sobre hackers, esculhambaram o texto promocional.
A abertura ficou assim: ``Hackers", um novo filme de aventuras daqueles idiotas de Hollywood, leva você até um mundo onde não há enredo ou pensamento criativo, apenas cozidos de idéias sem graça." A MGM riu amarelo e resolveu deixar o lugar do jeito que está, elogiando a ``criatividade" dos visitantes.
Ainda bem. É um dos sites mais engraçados da Web.

Fusão
Não é por causa de brincadeirinhas como essa que as empresas vão interromper sua mudança para o cyberspace. Mais uma fusão vem aí. A MCI (segunda companhia telefônica dos EUA) e a News Corporation de Rubert Murdoch se juntaram para fazer um serviço online de grande porte, para competir com America On Line, CompuServe, Prodigy e MSN.
Dê uma olhada na página deles. Tem um concurso para dar nome ao serviço, com um prêmio de US$ 5 mil (http://www2.pcy.mci.net/venture/index.html).

Briga no comitê
E Tadao Takahashi pediu as contas. Até então um mentor oficioso da expansão da Internet no Brasil, o coordenador-geral da Rede Nacional de Pesquisas se desligou do famoso Comitê Gestor da Internet (aquele grupo de nove pessoas que coordena 15 subgrupos) na quinta-feira.
Tem reunião do comitê na Fiesp amanhã. Acredite ou não, a pauta é a mesma da última reunião. Talvez saiam aqueles preços do backbone da RNP, por exemplo.
Não tem Internet que conserte tamanha falta de coordenação. Entre dois ministérios, uma estatal e uma coleção de grupinhos, ninguém chega a um acordo.
Parece até brincadeira, com tanta conversa de democratização da informação. A Internet brasileira está com arteriosclerose precoce.
Aliás, surrealismo perde. Em que outro país do mundo tem um comitê fazendo reunião a torto e a direito para ``liberar" o acesso, uma estatal fornecendo Internet de graça a uns milhares de eleitos e o resto da população -inclusive bancos e jornais- pendurado numa ONG em Botafogo? É tão exótico que tem até uma certa poesia.
E tem gente preocupada com a alienação pela tecnologia. Vamos ter atravessar muitas camadas de realidade bem espessas para isso começar a ser um problema.

Descanso
Para descansar da politicagem sem pé nem cabeça, recomendo um passeio pelas novas páginas brazucas. David Mendes e Bruno Vianna cometeram uma bela obra no http://www.ibase.org/~estacao/tabu.html. A página da Mostra Banco Nacional de Cinema merece que você instale o Netscape 1.1, para ver a paisagem direito.
Na Unicamp, você encontra um Catálogo de Páginas WWW no Brasil (http://dcc.unicamp.br/~camcima/). Estava faltando uma coleção assim. Agora é preciso mantê-la atualizada.

netnotas
O fascinante na Internet é a quantidade de engenhos absolutamente inúteis que se encontra pelo caminho. O Web Voyeur (http://www.eskimo.com/irving/web-voyeur), por exemplo, concentra endereços de câmeras ligadas à rede. Iguanas, cobras, cafeteiras e aquários são alguns dos objetos que podem ser vistos ao vivo na Web. O melhor é um sujeito que botou uma câmera embaixo da cama, para ver se encontra fantasmas.

Bruce Sterling (bruces@ well.sf.ca.us), celebridade mundial na Internet e quase desconhecido na vida real, lança o manifesto ``Dead Media". É um projeto de ``livro" que aceita colaborações de qualquer um na Internet, sobre mídias que desapareceram ou estão em vias de. O manifesto é impagável. Diz mais sobre Internet e afins que toda uma convenção de gurus de marketing.

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