São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Equipe enfrenta sanguessugas e muito calor

ELAINE GUERINI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em ``Muito Além de Rangun", o cineasta John Boorman usa mais uma vez a floresta como cenário principal. O filme começa com os protestos populares na capital birmanesa, mas a sequência mais importante acontece na selva quando um grupo de estudantes tenta cruzar a fronteira rumo à Tailândia -todas as filmagens, porém, foram feitas na Malásia.
``Gosto do contato com a natureza e, apesar da idade, ainda tenho espírito aventureiro", afirmou o diretor que, depois de ter filmado na Amazônia em 1985, brinca ser um ``especialista em florestas e trópicos".
``Felizmente eu pude aproveitar as lições que aprendi no Brasil e o trabalho não foi tão complicado desta vez", disse. As filmagens de ``Muito Além de Rangun" levaram três meses e a produção foi de US$ 24 milhões.
O único problema, mesmo para quem já tem experiência, é enfrentar ``o calor, a umidade, os mosquitos e outros bichos". Boorman contou que as sanguessugas dos rios deixaram a equipe ``quase maluca", inclusive a atriz Patricia Arquette que interpreta a protagonista da história.
``Mas, apesar de todos os problemas, Patricia não se intimidou em viver por um bom tempo em situações precárias. Mesmo com o ritmo estressante de trabalho, ela permaneceu forte e fiel ao filme até o fim", disse o diretor.
Além de vastas florestas, a Malásia ainda conta com dois outros fatores que influenciaram a equipe na hora de decidir filmar no país. ``Algumas cidades lembram a capital de Myanma e o povo também é parecido com o birmanês", lembrou Boorman.
Algumas cenas do filme, principalmente as de manifestações, chegaram a reunir quatro mil figurantes. Para reproduzir as situações com maior fidelidade, a equipe foi buscar verdadeiros birmaneses. ``Muitas pessoas que atuam no filme, principalmente os jovens, sentiram mesmo na pele todos aqueles problemas."
Quanto às próximas produções, Boorman prefere não adiantar nada. ``Eu tenho duas ou três idéias na cabeça, mas não gosto de falar sobre elas antes de ter certeza. Muitas vezes, você não consegue o dinheiro para filmar e aí aparece algum chato peguntando `o que aconteceu com aquele projeto que você deveria estar tocando'. É sempre assim." (EG)

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