São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Iraque oferece segredos à ONU

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O funcionário das Nações Unidas encarregado de fiscalizar o desarmamento do Iraque, Rolf Ekeus, planeja uma visita a Bagdá no final da semana, para receber informações até agora secretas do governo iraquiano.
O líder do Iraque, Saddam Hussein, anunciou que vai revelar segredos militares para impedir que seu genro, Hussein Kamel, até a semana passada ministro da Industrialização Bélica, passe as informações ao Ocidente.
Hussein fugiu para a Jordânia com a mulher, o irmão e a cunhada, onde o grupo recebeu asilo e passou a ser considerado "traidor" por Saddam Hussein.
O premiê do Iraque, Tareq Aziz, disse ter convidado Ekeus para receber mais informações sobre os armamentos iraquianos.
Desde que o Iraque invadiu o Kuait, há cinco anos, o país sofre um embargo comercial imposto pela ONU e tem seu desenvolvimento militar fiscalizado.
Ekeus acredita que o país ainda não destruiu todas as suas armas, como exige a ONU para suspender o embargo.
Ele considerou Hussein Kamel a "peça-chave" do processo de manutenção dos programas de armamentos químicos, biológicos e nucleares do país.
Na semana passada, Ekeus divulgou um relatório em que listava contradições nos documentos em que recebeu do Iraque com relação à destruição de armas.
O governo dos EUA considera que o convite a Ekeus não deve ser levado a sério. Segundo o Departamento de Estado, não há provas de que o país parou de esconder dados sobre armas, e portanto não é o momento de suspender o embargo. Os EUA são os maiores defensores mundiais do embargo.
Os governo da Síria, Turquia e Irã, países fronteiriços com o Iraque, devem se reunir no mês que vem em Teerã (a capital iraniana) para discutir a situação na região.
Paradoxalmente, apesar de ver com reservas a movimentação militar iraquiana, os três países vão fazer um apelo pela unidade iraquiana, uma vez que rejeitam a criação de um Estado curdo (etnia que quer a independência de sua região, principalmente no norte do Iraque e leste da Turquia).
Ontem, o governo iraquiano noticiou a prisão de dez oficiais por suspeita de ligação com Hussein Kamel. O Parlamento da Jordânia emitiu moção dizendo que não vai permitir que o país se torne base para atividades antiiraquianas, por causa da recepção aos fugitivos.

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