São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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BC independente

A tese de que o Banco Central deve atuar com independência com o objetivo permanente de defender a moeda nacional sempre pareceu a muitos uma utopia, especialmente irrealizável no Brasil.
Dois argumentos têm sido comuns nessa polêmica. Há por exemplo os que duvidam da possibilidade de o Banco Central alcançar independência frente ao Tesouro se o governo é incapaz de ajustar-se ou cede a toda e qualquer pressão política.
Outro exemplo de argumentação contra a tese da independência do BC vem da opinião bastante encontradiça de que a autoridade monetária na prática não consegue ser independente do próprio mercado financeiro. Nessa linha de raciocínio vão os críticos da nomeação de técnicos do mercado para cargos de diretoria no Banco Central.
Ora, uma das lições da crise atual no Banco Econômico é justamente a de poder desmentir, na prática, as duas críticas à tese da independência. Agindo com rigor e evitando a injeção de recursos fiscais para sustentar um banco inviável, o BC mostrou que é capaz de entender os limites da ação do Tesouro, despolitizando uma decisão que outros agora querem superpolitizar.
E, sendo a intervenção em banco privado, o episódio revela que o BC não é presa fácil do próprio mercado e que a autoridade monetária não existe para compensar paternalisticamente a ineficiência deste ou daquele agente econômico.
Ademais, se o BC fosse um órgão por lei independente, teria livrado o governo dos ônus políticos que ele hoje enfrenta em decorrência da crise no Econômico.

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