São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 1995
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Corumbiara; Incra; Reserva de mercado; Ensino religioso; Florestan Fernandes; Verbas públicas; Preconceito esportivo; Nanicas; Deficientes carentes; CMF; Viola

Corumbiara
``A Associação Juízes para a Democracia manifesta sua solidariedade para com as famílias dos policiais e sem-terra mortos desnecessariamente em confronto provocado, como sempre, por quem não põe em risco a própria integridade física. Espera apuração de responsabilidade e transferência, para os culpados, de eventuais condenações por responsabilidade civil do Poder Público."
Urbano Ruiz, presidente do Conselho de Administração da Associação Juízes para a Democracia (São Paulo, SP)

Incra
``O Imposto Territorial Rural foi estupidamente retirado das prefeituras e entregue ao Ibra, que se transformou em Incra -Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Com a arrecadação desse imposto é que as prefeituras consertavam as estradas, mantinham as escolas e prestavam uma pequena assistência social ao homem do campo. O Incra até hoje só serviu para construir sedes suntuosas, comprar aviões e dar assistência à sua enorme legião de altos funcionários. Quero sugerir a extinção imediata do Incra, devolvendo os impostos às prefeituras."
Elmiro Silva (Patrocínio, MG)

Reserva de mercado
``No jogo de importação x exportação, os modernos dizem que a restrição à importação e nacionalismo não refletem mais a realidade mundial. Pois bem, o embate que assistimos recentemente entre EUA e Japão sobre as peças para veículos não retrata a propalada modernidade. Já que não temos a tecnologia para fabricar veículos, vamos pelo menos assegurar a nossa participação nas peças."
Gijo Kikuti (São Paulo, SP)

Ensino religioso
``Concordo com d. Eduardo Koaik quando diz que o ser humano é chamado a ser livre, consciente, solidário, fraterno, ecumênico, aberto e construtor de uma nova sociedade (10/8). Mas discordo em outro ponto: não é o ensino religioso que vai nos mostrar esses caminhos. As religiões têm uma longa folha de desserviço à humanidade. Exemplos? A conquista da América, as guerras religiosas, as Cruzadas, a Inquisição. Não há consciência, nem solidariedade, nem fraternidade, nem caridade, nem ecumenismo nas religiões. E o papa, principalmente, há muito se distanciou dos ensinamentos de Cristo e o que ele dirige hoje nada mais é que uma multinacional perversa, sem nenhum compromisso com a liberdade e a felicidade do homem. Os valores humanos estão fundamentados na ética e não é o ensino religioso que vai nos ensinar a descobrir isso. No máximo, concorrerá para aguçar o preconceito e o egoísmo do jovem."
Elisabeto Ribeiro Gonçalves (Belo Horizonte, MG)

Florestan Fernandes
``O impacto da notícia na semana passada foi menor que a consternação desta segunda-feira. A notícia do fato foi mais assimilável do que o vazio que habitou o leitor ao não ver o nome de Florestan Fernandes encimando a coluna da pág. 1-2. Foi impossível não sentir saudade."
Silvio da Silva (Curitiba, PR)

Verbas públicas
``O mínimo que se espera de um governo que se diz austero é o cuidado no tratamento das verbas públicas, que não pode ser pretexto para maior arrocho, desemprego, recessão e crise em todos os setores da vida nacional. O pseudoprojeto de reforma da máquina administrativa não reforma nada, apenas reforça a já grave crise social do país. Afinal, como justificar a criação de mais um ministério para os militares?"
Moacir Castro (Brasília, DF)

Preconceito esportivo
``A missiva do sr. Luiz F. D'Avila (`Painel do Leitor', 8/8) é de um preconceito atroz. Pelo visto ele pouco sabe sobre turfe. Turfe nada mais é do que esporte e deve ser tratado como tal."
João Gilberto Crespi (Ponta Grossa, PR)

Nanicas
``Oportuna a reportagem da Folha (14/8) a respeito do abusivo crescimento do número de cidades ``nanicas". Esse processo oportunista se acelerou depois que o exercício da vereança passou a ser remunerado e os prefeitos deixaram de ter vencimentos apenas simbólicos."
Rodolpho Telarolli (Araraquara, SP)

Deficientes carentes
``No Brasil existem mais de 15 milhões de deficientes (segundo as estimativas mais otimistas da Organização Mundial de Saúde). Por isso, parece até piada de mau gosto o governo anunciar que `beneficiará' com R$ 100 mensais `cerca de 132 mil pessoas portadoras de deficiência profunda, com incapacidade total para o trabalho, cuja renda familiar seja igual ou inferior a R$ 25'. Não é preciso ser sociólogo para concluir que a esmagadora maioria desse contingente de 15 milhões de deficientes encaixa-se no critério adotado pelo tal programa de renda mínima. Então, por que, mesmo usando exclusivamente os critérios adotados pelo governo, apenas 132 mil pessoas deficientes, no Brasil inteiro, serão `beneficiadas'?"
Ana Maria Morales Crespo, coordenadora-geral do Núcleo de Integração de Deficientes (São Paulo, SP)

CMF
``Luís Nassif faz bem em defender o ministro Jatene (7/8). Ninguém duvida que a `resistência a se resolver a questão' decorre da convicção de que, se aprovado o CMF e permanecendo sob a administração do dr. Jatene, só e unicamente a saúde será beneficiária de sua arrecadação. Já o IPMF e o FSE foram aprovados serenamente e sem oposição por que, espertamente, planejados para outros fins."
Oswaldo Catan (São Paulo, SP)

``O ministro Adib Jatene, utilizando sua reconhecida competência e credibilidade, está perto de conseguir mais recursos para a saúde. É necessário, entretanto, alertar para um aspecto fundamental da questão: essa injeção de dinheiro não produzirá nenhum impacto significativo sobre a saúde da população brasileira se não for mudado o modelo assistencial do país. Para que haja um impacto verdadeiro sobre a saúde é preciso investir maciçamente recursos e vontade política sobre a atenção básica."
Cid Veloso, ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais e vice-presidente da Associação Médica Brasileira (Belo Horizonte, MG)

Viola
``Foi-se o craque Viola, mas fica a gratidão da Fiel. A despedida emocionada desse moço humilde merece registro. É um homem de caráter que tem tudo para vencer no exterior."
José Eduardo Bandeira de Mello (São Paulo, SP)

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