São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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ACM nega ter dossiê contra diretoria do BC

RAQUEL ULHÔA; DANIELA PINHEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pressionado por parlamentares, principalmente do PSDB e do PMDB, e pela equipe econômica a revelar o suposto dossiê contra a diretoria do Banco Central, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) negou ontem a existência do documento e afirmou que não iria aceitar ``provocações".
``Nunca falei em dossiê como os jornais publicaram. Falei em pedir informações, que poderão ser pedidas em qualquer época", disse. ACM declarou que não aceitaria provocações nem dos parlamentares nem da imprensa.
Desde o final da semana passada, quando foi anunciada a intervenção no Banco Econômico, o senador baiano vinha ameaçando fazer denúncias contra o presidente do BC, Gustavo Loyola.
ACM irritou-se com o fechamento das agências do banco e exigia uma solução da Presidência para suavizar a intervenção.
``O Banco Central merece mais ser investigado do que investigar, porque tem mais mazelas do que o próprio Econômico", disse o senador no último sábado.
Anteontem, depois de ser recebido no Palácio do Planalto e sair de lá anunciando a estatização do Econômico, ACM cancelou o discurso programado para a sessão da tarde na tribuna do Senado.

Moderação
Ontem, moderou ainda mais a retórica: ``Não tenho interesse em denegrir a imagem do Banco Central ou atacar seus membros".
Os líderes do PMDB, Jáder Barbalho (PA), e do PSDB, Sérgio Machado (CE), cobraram a apresentação do documento, alegando que a autoridade monetária não poderia ficar sob suspeição.
O pefelista negou que tenha dado ``ultimato" a FHC, para que o governo encontrasse uma saída. ``Se desse, o presidente não aceitaria de alguém que não tem força alguma para dar ultimatos".
O senador baiano acusou os parlamentares contrários às medidas que favoreceram o Econômico. "A crítica é dos que não queriam solução. Queriam confusão.
O discurso mais duro condenando a estatização do banco foi do senador Roberto Freire (PPS-PE), que apóia FHC. O governo, segundo ele, cedeu à ``pressão de políticos de grosso calibre".
"A única crise do Econômico é a evidência maior de como o Estado no Brasil não é público, é uma espécie de cartório", disse Freire.
Para o senador do PPS, o Banco Central "errou ao decretar intervenção ao mesmo tempo no banco baiano e no Mercantil, de Pernambuco, que têm situações financeiras diferentes. ``No meu Estado, espero que a solução seja diferente", afirmou Freire.
Esperando ataques de Pedro Simon (PMDB-RS), ACM levou cópias de notícias publicadas em 1985 sobre pressões feitas pelo PMDB gaúcho para que a União estatizasse o Banco Sul Brasileiro (hoje, Banco Meridional).
Como Simon limitou-se a criticar a assessoria dada a FHC no caso (e não a medida), ACM rasgou os papéis de forma teatral. ``Tudo isso desaparece com o apoio do senador", disse.
(Raquel Ulhôa e Daniela Pinheiro)

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