São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 1995
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Flechada 'de mentira' mobiliza a polícia

DA REPORTAGEM LOCAL

Um tiro de paintball mandou para um hospital a empregada doméstica Sandra Sanches dos Santos Magalhães, 20. Ela foi atingida anteontem, às 20h35, na praça Roberto Gomes Pedrosa, em frente ao estádio do Morumbi (zona oeste de SP).
O tiro, de tinta, mobilizou uma delegacia da Polícia Civil e uma companhia da PM.
Ao ser atingida, Sandra caiu, sangrando no abdômen. Ela telefonou à PM e, seguindo um conselho de um homem, disse ter sido flechada. ``Assim eu seria atendida mais rápido", disse.
O paintball é um jogo em que o atirador usa armas de pressão para disparar bolas de resina plástica colorida. ``Vi a mancha amarela na camisa e minha barriga sangrando", afirmou a empregada.
Sandra ficou uma hora no hospital. Os médicos limparam o ferimento e fizeram um curativo. Até então, PMs e médicos pensavam que uma flecha a havia atingido.
Como não havia flecha, os PMs não comunicaram o caso ao 34º DP. Só na tarde de ontem o mal-entendido foi desfeito. Sandra foi encontrada e contou que uma bola de tinta, e não uma flecha, a atingira.
Há três anos em São Paulo, a empregada, que é de Salvador (BA), mora na casa onde trabalha no Morumbi. ``Isso nunca aconteceu na minha terra."
Na noite de ontem, ela ia visitar a irmã. Parou no ponto de ônibus. Uma mulher estava ao seu lado. ``De repente, um carro parou e eu escutei o barulho do tiro."
Sandra pediu ajuda à mulher. ``Ela correu e disse que ia chamar a polícia". Passou algum tempo e nenhum policial apareceu.
A empregada decidiu ligar para a PM e contou a história da flechada. Esperou os policiais por cerca de 30 minutos. Eles a levaram para o hospital Bandeirantes. De lá, Sandra foi para a casa da patroa.
Ontem à tarde, os policiais a encontraram trabalhando. Na delegacia, a empregada dizia estar com medo. O delegado Jorge Miguel de Andrade, 31, tentou acalmá-la e lhe contou que também já havia sido vítima de um tiro de paintball.
``Eu estava na avenida Pacaembu (zona oeste), dentro de meu carro, quando uma dessas bolas atingiu minha cabeça", disse. O caso aconteceu há três anos. Ele não registrou queixa na delegacia.
O delegado abriu inquérito para apurar quem feriu a empregada com o tiro de tinta. ``Um tiro desses no olho pode cegar uma pessoa", disse o delegado.

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